Jornal Estado de Minas

WASHINGTON

EUA 'estão ansiosos para trabalhar' com Gustavo Petro, diz funcionário

Os Estados Unidos "estão ansiosos para trabalhar" estreitamente com o presidente eleito da Colômbia, Gustavo Petro, que pode contar com Washington como "um parceiro forte e confiável", afirmou nesta sexta-feira (24) um alto funcionário do Departamento de Estado.



"Estamos ansiosos para trabalhar para fortalecer ainda mais a relação entre Estados Unidos e Colômbia e fazer nossos países avançarem para um futuro melhor", disse Mark Wells, subsecretário adjunto para Brasil e Cone Sul e para Assuntos da Região Andina, em coletiva de imprensa telefônica.

"A Colômbia continua sendo um exemplo de destaque na região de uma democracia bem-sucedida e vibrante, e esperamos trabalhar de forma estreita com a próxima administração", afirmou, pouco depois da vitória eleitoral de Petro em um segundo turno por uma margem pequena.

O povo colombiano elegeu um governo de esquerda e "é uma mudança dramática para o país, mas cada país da região está enfrentando a sua maneira crises econômicas, recuperação depois da pandemia e alguns problemas de violência, então essas sociedades têm o direito de escolher sua liderança", comentou.



O ex-guerrilheiro é o primeiro esquerdista a conquistar a presidência da Colômbia e chega com uma agenda carregada de reformas: rechaça a política antinarcóticos atual e quer renegociar o Tratado de Livre Comércio com Washington, além de ser partidário de eliminar gradualmente a produção de petróleo, uma indústria de fortes vínculos com Estados Unidos.

"O futuro governo pode contar com os Estados Unidos como um parceiro forte e confiável", declarou Wells, que enfatizou que Washington não tem "melhor aliado sobre toda a gama de questões enfrentadas por nossas democracias" nas Américas e "além deste hemisfério".

Nesse sentido, ressaltou que os Estados Unidos apoiam o objetivo de Petro de "aumentar o desenvolvimento econômico rural inclusivo e o investimento, ao mesmo tempo em que reduz a violência rural".

"Temos muitas prioridades compartilhadas, como mudança climática, ajuda ao setor de saúde pública e política antidrogas, pelo menos segurança pública", disse Wells, insistindo que as discordâncias serão abordadas com "um espírito de aliança".

O ex-prefeito de Bogotá se propõe a normalizar as relações com o presidente venezuelano Nicolás Maduro, que Washington não reconhece por considerar sua reeleição fraudulenta em 2018.

"Nossa política para a Venezuela não vai mudar, dissemos que reconhecemos Juan Guaidó como presidente interino", segundo Wells. "Qualquer país pode ter relações com qualquer outro país, reconhecemos que são repúblicas irmãs", assinalou.

Entre os desafios a enfrentar citou o narcotráfico e lembrou que 90% da cocaína que se consome nos Estados Unidos vêm da Colômbia.