Jornal Estado de Minas

QUITO

As datas dos intensos protestos indígenas contra o governo no Equador

Esses são os pontos mais importantes dos protestos antigovernamentais no Equador, que começaram em 13 de junho, promovidos pela maior organização indígena do país contra o aumento geral dos preços, principalmente dos combustíveis, e que até agora deixaram dois mortos.



A Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), já liderou várias manifestações que levaram à queda consecutiva de três presidentes entre 1997 e 2005. Em 2019, uma onda de manifestações devido ao aumento dos preços dos combustíveis deixou 11 mortos e milhares de feridos em confrontos com a polícia.

- Manifestações contra a inflação -

Em 13 de junho de 2022, a Conaie iniciou um novo ciclo de manifestações e bloqueios de estradas em protesto contra o governo de Guillermo Lasso pelo aumento dos preços de combustíveis e do custo de vida.

O movimento denuncia também a falta de empregos, exige o controle dos preços dos produtos agrícolas e se opõe à outorga de concessões de mineração em territórios indígenas.

A escala das mobilizações é a princípio limitada, com cerca de 3.800 manifestantes em todo o país, segundo as autoridades.



No poder há um ano, Lasso alertou que não autorizará o bloqueio de rodovias ou a ocupação de poços de petróleo na selva amazônica, principal produto de exportação do Equador.

Em 14 de junho, o líder do movimento indígena, Leonidas Iza, foi detido por paralisar o transporte público.

Os protestos continuam em ao menos onze das 24 províncias do Equador.

Iza foi libertado por ordem judicial no dia seguinte. O Ministério Público, no entanto, manteve a acusação de paralisação de serviço público, punível com até três anos de prisão.

- Protestos crescem, governo reage -

No dia 16, o setor de transportes e os estudantes aderiram aos protestos. O acesso a dois dos principais mercados da capital, Quito, foi bloqueado, assim como rodovias em 15 províncias.

Um dia depois, Lasso anunciou estado de emergência em três províncias, incluindo a de Quito.



Propôs também elevar de US$ 50 a US$ 55 um bônus econômico para "aliviar a difícil situação" das famílias mais pobres, assim como uma série de compensações aos agricultores.

Mais cedo, o presidente havia recebido uma delegação de representantes indígenas para tentar acalmar a crise.

Os floricultores, um dos principais produtos de exportação do Equador, reclamam que seus produtos estão apodrecendo.

No dia 18, a Conaie chamou as medidas do governo de "ridículas".

No dia seguinte, a Polícia requisitou a Casa de la Cultura Ecuatoriana, um centro cultural indígena em Quito, para transformá-la em uma base para o controle das manifestações.

- Estado de emergência estendido -

Já em 20 de junho, Lasso estimou que o movimento indígena queria "derrubá-lo" do poder e estendeu o estado de emergência a três novas províncias. Em seguida, divulgou um vídeo que mostra imagens de manifestantes exercendo violência na rua.



Milhares de indígenas iniciaram então uma marcha pacífica em direção ao centro de Quito, vindos do sul. Centenas também saíram do norte em direção à capital.

- Dois mortos e queda na produção de petróleo -

Na noite de 20 para 21, um jovem morreu ao cair em um barranco durante as manifestações. A promotoria abriu uma investigação por suposto homicídio.

Em 21 de junho, um indígena morreu durante um "confronto" com a polícia na cidade amazônica de Puyo, depois de ter "manipulado um artefato explosivo", segundo as autoridades, "atingido no rosto, aparentemente por uma granada de gás lacrimogêneo", segundo uma ONG.

Na mesma cidade, uma delegacia foi incendiada e "seis policiais ficaram gravemente feridos, três foram sequestrados (por uma comunidade indígena) e 18 estão desaparecidos", anunciou o ministro do Interior, Patricio Carillo.

O ministro da Defesa, Luis Lara, chamou os protestos de um "sérios risco" para a democracia.

Como consequência dos protestos, a produção de petróleo do Equador caiu cerca de 100.000 barris por dia (-21%).