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Estado de Minas PARIS

Plataformas de petróleo, alvos tentadores em um conflito


21/06/2022 16:07

Plataformas petrolíferas offshore como as que a Ucrânia acaba de atacar no mar Negro são alvos tentadores e fáceis durante um conflito, mas as consequências ecológicas de sua destruição podem ser graves.

Segundo o Ministério da Defesa da Rússia, na segunda-feira (20), às 8h, mísseis antinavio e um drone Bayraktar TB2 atacaram as plataformas de extração de gás BK-1 e Krym-1.

O pesquisador francês Pierre Grasser, especialista em defesa russa associado ao laboratório Sirice, explica que "um ataque com mísseis de cruzeiro Harpoon, como indica a comunicação russa, é tecnicamente possível, já que o local fica a 71 quilômetros da costa ucraniana".

De acordo com o ministério russo, "um forte incêndio ocorreu na plataforma BK-1, o que representava uma ameaça de catástrofe ecológica".

O site FIRMS, vinculado à Nasa, que permite o monitoramento de incêndios, mostrou um incêndio deflagrado no mar na segunda-feira que seguia ativo na manhã de terça-feira.

A AFP cruzou a localização com um banco de dados europeu que mostra estruturas de extração de hidrocarbonetos: ela corresponde à plataforma Modu Tavrida, também chamada de Boyko Towers, operada pela Chernomorneftegaz.

As instalações do mar Negro foram tomadas pelos russos após a anexação da Crimeia em 2014 e o gás é consumido na península, onde chega por gasoduto.

- "Tão estúpido quanto ocupar Chernobyl" -

Atacar uma plataforma "não é algo muito inteligente. É tão estúpido quanto ocupar Chernobyl", como fizeram os russos no início de sua ofensiva em 24 de fevereiro, afirma Thierry Bros, especialista em energia e clima do instituto francês Sciences Po.

Para justificar o ataque, um porta-voz militar ucraniano da região de Odessa, citado pela agência de notícias Interfax Ucrânia, disse nesta terça-feira que os russos montaram lá "pequenos fortes" e armazenaram equipamentos de defesa aérea, incluindo radares.

"Essas plataformas se tornaram instalações que ajudaram e estão ajudando os russos a fortalecer seu controle total da parte noroeste do mar Negro", acrescentou o porta-voz.

Essas declarações não puderam ser verificadas pela AFP.

Quanto maior o controle da Rússia sobre essa zona marítima, maior a ameaça para o resto da costa ucraniana e para Odessa em particular.

Do ponto de vista ecológico, não há risco de derramamento de petróleo por se tratar de uma plataforma de gás. Do ponto de vista energético, o impacto é quase nulo para a Rússia.

As plataformas que caíram em mãos russas em 2014 produziram entre 2013 e 2015 cerca de um bilhão de m³ por ano, "o que não é nada comparado à produção russa, que é de cerca de 640 bilhões de m³ por ano", lembrou Bros.

As plataformas são alvos tentadores porque são imóveis e difíceis de proteger. Já foram atacados em conflitos como a guerra entre Irã e Iraque (1980-1988) e a guerra do Golfo (1991).

"É complicado proteger uma plataforma contra um míssil desse tipo, já que não é otimizada para receber um sistema de autoproteção terra-ar. A cobertura efetiva só pode vir de navios de superfície", diz Grasser.


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