Jornal Estado de Minas

PARIS

Parte crescente do público prefere evitar más notícias, diz relatório

A enxurrada de notícias ruins leva o púbico a se afastar dos meios de comunicação, segundo um estudo do Instituto Reuters Institute publicado nesta quarta-feira (15, noite de terça, 14, no Brasil).



O impacto combinado da pandemia de covid-19, da guerra na Ucrânia e da inflação provocam esse fenômeno, detalhou o relatório dessa instituição privada, elaborado a partir de uma pesquisa em 46 países - entre eles o Brasil - e com um total de 93.000 participantes.

Entre os entrevistados, 38% declararam que preferem ignorar os meios de comunicação, em comparação com 29% da pesquisa realizada em 2017.

Esse percentual, no entanto, quase dobra em relação ao Brasil, com 54%, e Reino Unido, com 46%, e os jovens formam o grupo que se mostrou particularmente mais reticente.

"Evito de forma ativa as coisas que podem me causar ansiedade e ter um impacto negativo na minha vida", confessou um jovem britânico de 27 anos aos entrevistadores.

O principal motivo para evitar as notícias, contudo, é a sensação de repetição, em particular o caso da pandemia e as sucessivas crises políticas.



A sensação de impotência e a dificuldade para entender alguns problemas também foram mencionados pelos entrevistados.

Esses resultados supõem "um desafio particular para os meios de comunicação", assinalou o principal autor do estudo, Nic Newman.

"Os temas que os jornalistas consideram importantes, como as crises políticas, os conflitos internacionais e as pandemias mundiais, parecem ser precisamente os que afastam algumas pessoas", explicou.

O estudo foi basicamente concluído antes da invasão da Ucrânia em fevereiro, mas outras sondagens posteriores em cinco países mostram um aprofundamento dessas tendências.

A confiança nos meios de comunicação caiu na metade dos países em que foi realizada a pesquisa, e subiu apenas em sete deles, o que representa um revés após o início da pandemia, que incrementou o interesse e a atenção às mensagens públicas.

Em termos globais, a confiança caiu para 42%, em comparação com os 44% registrados durante a pandemia.

Nos Estados Unidos, apenas 26% do público confia na veracidade das notícias, o mesmo percentual da Eslováquia.

Segundo o relatório, 15% dos jovens com entre 18 e 24 anos se informam através da rede social TikTok.