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Estado de Minas OTTAWA

Canadá e Dinamarca resolvem 'guerra amigável' por ilhota remota do Ártico


14/06/2022 16:35

O Canadá e a Dinamarca finalmente resolveram um conflito "amigável" de décadas por um pequeno, árido e desabitado território do Ártico, combatido com armas especiais: bandeiras, uísque e licor.

Ambas as partes anunciarão formalmente o acordo para dividir a Ilha Hans e criar a primeira fronteira terrestre entre o Canadá e a Europa em uma cerimônia na terça-feira em Ottawa, com a presença dos ministros das Relações Exteriores do Canadá e da Dinamarca.

Dividir a ilha e resolver o conflito de 49 anos será considerado um modelo para a resolução pacífica das disputas territoriais, em contraste com a guerra desencadeada pela invasão russa da Ucrânia desde o final de fevereiro.

"O Ártico é um farol para a cooperação internacional, onde prevalece o estado de direito", disse a ministra canadense das Relações Exteriores, Melanie Joly.

"Como a segurança global está ameaçada, é mais importante do que nunca que democracias como Canadá e Dinamarca trabalhem juntas, com os povos indígenas, para resolver nossas diferenças de acordo com o direito internacional", ressaltou.

A disputa pela Ilha de Hans - de 1,3 quilômetros quadrados e localizada entre Ellesmere e Groenlândia - começou em 1973, ano em que foi traçada uma fronteira marítima entre o Canadá e a Groenlândia, território autônomo que integra o reino da Dinamarca.

Dinamarqueses e canadenses sobrevoam a ilha de helicóptero há décadas para reivindicá-la, provocando protestos diplomáticos, campanhas online e até um pedido canadense para boicotar os doces dinamarqueses.

Durante essas visitas ministeriais, cada lado colocava uma bandeira e deixava uma garrafa de uísque ou licor tradicional para o outro lado desfrutar.

O local é inabitável, mas com o aquecimento global está atraindo mais tráfego de navios para o Ártico, abrindo-o para a pesca e exploração de recursos, embora talvez não na área específica da Ilha de Hans.

O especialista em assuntos do Ártico Michael Byers observou que "a ilha é tão incrivelmente remota que é economicamente inviável contemplar qualquer atividade séria lá".

No entanto, adiar a resolução dessa disputa territorial foi um bom teatro político para ambos os países.

"Foi uma disputa de soberania totalmente livre de riscos entre dois aliados da Otan por uma ilha pequena e insignificante", disse Byers à AFP.

A Dinamarca temia que perder a batalha pela ilha prejudicaria as relações com a Groenlândia. Por sua parte, o Canadá queria evitar que a perda do território enfraquecesse sua posição em uma disputa maior com os Estados Unidos pelo mar de Beaufort, no extremo noroeste do Canadá, que se acredita ser rico em hidrocarbonetos.


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