Jornal Estado de Minas

CARTUM

Negociações de transição patrocinadas pela ONU no Sudão são adiadas

A segunda rodada de negociações para resolver a crise política no Sudão, sob os auspícios da ONU, foi adiada sem previsão de nova data devido à ausência de um grande grupo político civil, disse neste sábado (11) um porta-voz das Nações Unidas.



A Organização das Nações Unidas (ONU), a União Africana (UA) e a organização regional de cooperação para o leste do continente, IGAD, iniciaram na quarta-feira conversas na capital, Cartum, para tentar resolver a situação política no país, um dos mais pobres do o mundo, governado desde o golpe militar de 2021 pelo chefe do exército, general Abdel Fattah al-Burhan.

A segunda reunião estava marcada para domingo, mas as entidades internacionais "decidiram adiar as discussões em função dos últimos acontecimentos", explicou Fadi al Qadi, porta-voz da Missão Integrada de Assistência à Transição no Sudão (UNITAMS, em inglês).

"Não estabelecemos nenhuma data para retomar as discussões", acrescentou.

Esta decisão ocorre depois que o importante grupo político civil representado pelas Forças de Liberdade e Mudança, que liderou a revolta que derrubou Omar al Bashir em 2019 após 30 anos de ditadura, se recusou a participar de uma "falsa solução política", " que justifica" o golpe.



A ONU pediu que todas as partes "continuem a trabalhar para estabelecer um ambiente propício ao diálogo construtivo no interesse do povo sudanês".

A secretária de Estado adjunta dos EUA, Molly Phee, chegou ao Sudão no domingo para "apoiar o processo".

Desde o golpe de Estado do general Burhan, que terminou em 25 de outubro de 2021 com a presença de civis no poder, o Sudão está em uma crise política e econômica cada vez maior.

Após o golpe, o Sudão foi suspenso da UA e deixou de receber ajuda internacional. Além disso, a repressão às manifestações pró-democracia deixou mais de 100 mortos.

Embora o general Burhan tenha levantado o estado de emergência no final de maio e libertado figuras políticas civis e militantes pró-democracia nas últimas semanas, a repressão continua.