Jornal Estado de Minas

WASHINGTON

Júri do processo de difamação entre Depp e Heard começa a deliberar

O júri do processo de difamação entre Johnny Depp e Amber Heard, que acontece em Fairfax, perto de Washington DC, se retirou para deliberar após a apresentação das alegações finais.



Depp, de 58 anos, processou Heard por um artigo de opinião que a atriz publicou no jornal The Washington Post em dezembro de 2018, no qual ela se descreve como uma "figura pública que representa o abuso doméstico".

Apesar de a atriz não ter mencionado o nome do ex-marido, ele pede 50 milhões de dólares de indenização.

Heard, de 36 anos, apresentou uma contra-acusação, pedindo 100 milhões de dólares, sob a alegação de ter sofrido "violência física e abuso desenfreados".

Elaine Bredehoft, advogada da atriz, disse que a ação judicial iniciada por Depp e uma campanha de "humilhação global" tem feito da vida de Heard "um puro inferno".

"Destruiu sua vida. Isso a consumiu. Ela está recebendo ameaças de morte", afirmou a advogada ao júri de sete pessoas.

Benjamin Chew, parte da equipe legal de Depp, respondeu que, embora o ator de "Piratas do Caribe" não seja um "santo" e tenha tido problemas com drogas e álcool, "ele não é um abusador violento".



"Ele não merece ter sua vida e seu legado destruídos por uma mentira cruel", disse. "Pedimos, imploramos que devolvam seu nome, sua reputação e sua carreira", declarou o advogado.

Bredehoft, por sua vez, pediu ao júri que "responsabilize o ator", já que "ele nunca aceitou a responsabilidade por nada em sua vida".

- "Monstro" -

Dezenas de testemunhas participaram do julgamento, entre elas, guarda-costas, executivos de Hollywood, agentes, especialistas da indústria do entretenimento, psiquiatras, médicos, amigos e familiares.

Depp e Heard estiveram amplamente expostos por vários dias durante o julgamento, transmitido pela televisão, que atraiu centenas de fãs, principalmente do ator.

Os jurados ouviram gravações de áudio e vídeos das acaloradas discussões do casal, além de fotos das lesões que Heard afirma ter sofrido durante o casamento.

Especialistas em saúde testemunharam por várias horas sobre um ferimento no dedo, que Depp sofreu durante as filmagens de um dos longas da série "Piratas do Caribe" na Austrália, em março de 2015.



Depp contou que a ponta de seu dedo médio da mão direita foi decepada quando Heard atirou uma garrafa de vodca contra ele. Heard disse não saber como ocorreu a lesão.

Ambos concordaram que Depp chegou a escrever mensagens nas paredes, nos abajures e espelhos com um dedo ensanguentado.

Heard afirmou que Depp se tornava um "monstro" fisicamente e sexualmente abusivo quando usava álcool e drogas excessivamente, e que resistiu aos repetidos esforços dela para conter seu uso.

De acordo com a atriz, Depp prometeu sua "humilhação mundial" se ela o deixasse. Heard foi objeto de uma extensa campanha nas redes sociais sob o lema #JusticeForJohnnyDepp.

Depp declarou que foi "brutal" escutar as "hediondas" e "extravagantes" acusações de abuso doméstico de sua ex-esposa.

"Nenhum ser humano é perfeito, claro que não, nenhum de nós é, mas nunca cometi agressão sexual nem abuso físico em minha vida", disse.



- Carreiras "afetadas" -

Heard e Depp ficaram casados de 2015 a 2017. Em maio de 2016, a atriz obteve medidas protetivas contra seu então marido, alegando violência doméstica.

O ator apresentou uma ação por difamação em Londres contra o jornal The Sun por chamá-lo de "espancador de esposas", mas perdeu o caso em novembro de 2020.

Ambos alegam danos em suas carreiras em Hollywood.

A equipe legal de Heard apresentou um especialista da indústria de entretenimento que estimou que a atriz perdeu contratos e promoções em cinema e televisão no valor total de 45 a 50 milhões de dólares.

Um especialista do mesmo setor, contratado pelos advogados de Depp, disse que o ator perdeu milhões devido às acusações de abuso, incluindo um pagamento de 22,5 milhões de dólares pelo sexto filme da série "Piratas".