Jornal Estado de Minas

HAVANA

Cuba substitui sentenças de 12 presos por manifestações de julho

Ao menos 12 presos pelas manifestações históricas de julho de 2021 em Cuba tiveram suas penas comutadas para o regime aberto, depois que recorreram de suas sentenças, informaram organizações de defesa dos direitos humanos nesta quinta-feira (26).



"Nos últimos dias, ocorreram solturas em relação aos termos de sanções dos julgamentos sumários e com mudanças nas sanções durante os julgamentos de escreveu no Facebook o grupo de defesa de presos políticos Justicia 11J, que esclareceu que ainda espera que a informação seja divulgada de maneira oficial.

Continuam presas um total de 730 pessoas devido às manifestações de 11 e 12 de julho, segundo essa organização, que confirmou a liberação de 11 réus com entre 18 e 36 anos, quatro deles menores de 20 anos, que foram soltos na semana passada.

Além disso, a ONG de defesa dos direitos humanos Cubalex, com sede em Miami (EUA), reportou a libertação de Andy García, um jovem modelo detido na cidade de Villa Clara (centro), cuja família tem sido alvo de eventos de repúdio em seu domicílio e de prisões temporárias pelas ações que realizaram para conseguir sua libertação.

"Andy García preso de #11J foi liberado. Ficará com sua família até que seja transferido para uma instituição de regime aberto, onde deverá cumprir o resto de sua pena", escreveu a Cubalex em um tweet.

De acordo com a última recontagem dessa ONG, as manifestações de julho de 2021 terminaram com o saldo de uma morte, dezenas de feridos e 1.395 presos.



Para a ativista Martha Beatriz Roque, no entanto, essas libertações são "fictícias".

"Não quer dizer que não continuem presos, porque estão tão presos na prisão como na correcional, com a diferença de que a correcional é uma prisão aberta" e podem ir para casa dormir, disse Roque à AFP.

Essas medidas se dão pouco antes dos julgamentos dos artistas Luis Manuel Otero Alcántara e Maykel "Osorbo" Castillo, nos dias 30 e 31 de maio, em um tribunal de Havana.

A promotoria pediu sete anos para Otero Alcántara, um artista performático e pintor de 34 anos, acusado de incitação ao crime, desacato com agravante e desordem pública, crimes que teriam sido cometidos antes de 11 de julho, segundo as autoridades.

Também solicitou 10 anos de prisão para o rapper Osorbo, de 39 anos, preso desde 18 de maio de 2021 e acusado de atentado, desordem pública e de colaborar para a fuga de presos ou detidos.

O rapper é um dos autores e intérpretes de "Patria y Vida", tema que se transformou na trilha sonora dos protestos e ganhou o Grammy Latino.

Por sua vez, a embaixada de Estados Unidos pediu hoje que o julgamento seja interrompido. "Façam o correto, interrompam o julgamento e libertem-no já", escreveu em um tweet.

"No século XXI, nenhum cubano deveria ter que ouvir a música que gosta em sigilo", acrescentou a embaixada.

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