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Estado de Minas LONDRES

Igreja anglicana critica plano do Reino Unido de enviar refugiados para Ruanda


17/04/2022 11:00

Os líderes espirituais da Igreja da Inglaterra criticaram abertamente neste domingo (17) o controverso acordo entre o governo de Boris Johnson e Kigali para enviar para Ruanda solicitantes de asilo que chegaram ilegalmente ao Reino Unido.

Esse anúncio feito durante a semana recebeu críticas de organizações de direitos humanos e até da ONU.

Seu objetivo é dissuadir as perigosas travessias do Canal da Mancha, que são cada vez mais numerosas, apesar das promessas após o Brexit de controlar melhor as fronteiras.

O arcebispo de Canterbury, Justin Welby, o clérigo mais antigo da Igreja da Inglaterra, juntou-se às críticas em sua mensagem de Páscoa. O líder religioso afirmou que esta proposta levanta "sérias e graves questões éticas".

"O princípio deve suportar o julgamento de Deus e não o faz", disse Welby.

O clérigo afirmou que um país como o Reino Unido, formado com base em valores cristãos, não pode "terceirizar suas responsabilidades, mesmo para um país como Ruanda, que tem boas intenções".

"Isso é o oposto da natureza de Deus", afirmou.

Já o arcebispo de York, Stephen Cottrell, considerou "deprimente e desolador" que "os solicitantes de asilo que fogem da guerra, da fome e da opressão não sejam tratados com a dignidade e compaixão que cada ser humano merece".

Quando revelou o plano na semana passada, o primeiro-ministro Boris Johnson já havia sugerido que sua proposta poderia enfrentar desafios legais.

Mas o ministério do Interior, encarregado de implementar a política, argumentou que o atual sistema do Reino Unido "está quebrado" diante de pressões migratórias sem precedentes.

Um porta-voz do ministério destacou as "mudanças necessárias para impedir que traficantes infames coloquem em risco a vida das pessoas e para reparar nosso sistema de asilo quebrado".

Cerca de 28.500 pessoas cruzaram o Canal da Mancha em pequenas embarcações em 2021 - ano marcado por um naufrágio que causou pelo menos 27 mortes - contra 8.466 no ano anterior. Este ano já são mais de 6.000.

Ruanda receberá inicialmente 120 milhões de libras (157 milhões, 144 milhões de euros) para acolher solicitantes de asilo e migrantes e dar-lhes um caminho legal para a residência.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) criticou o plano como uma "violação hedionda do direito internacional".

Para Tahsin Tarek, um vidraceiro de 25 anos de Erbil, capital do Curdistão no Iraque, que está economizando para financiar outra viagem à Europa, o anúncio de Londres muda as coisas.

"Vou pensar em outro país", disse o jovem à AFP no sábado, para quem "viver aqui e suportar as dificuldades aqui é melhor do que viver em Ruanda".

"Acho que ninguém vai aceitar a ideia de ir morar lá. Se os refugiados puderem escolher entre serem expulsos para Ruanda ou ficar seu país, eles escolherão seu próprio país", afirmou.


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