Jornal Estado de Minas

QUITO

Guerra na Ucrânia ameaça segurança alimentar global, diz FAO

A guerra na Ucrânia coloca em risco a segurança alimentar global, bem como a recuperação econômica após a pandemia de covid-19, afirmou o diretor-geral da FAO, Qu Dongyu, na terça-feira em Quito.



O mundo "sofreu o impacto dos efeitos da guerra na Ucrânia, nos preços dos alimentos e fertilizantes" que estão em alta, afirmou Qu Dongyu durante a abertura da 37ª Conferência para América Latina e Caribe da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), que começou na segunda-feira na capital equatoriana.

"Isso ameaça consumidores e produtores, e também pode afetar a recuperação econômica após a pandemia", acrescentou o diretor da FAO.

Ele argumentou que as consequências "podem ser ainda piores, dependendo de como o conflito se desenvolve" e pediu a "proteção das pessoas contra a fome".

A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro, de onde cerca de quatro milhões de pessoas fugiram da guerra, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).

A Europa não tinha visto um afluxo tão grande de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial.



A Rússia foi acusada na terça-feira na ONU de causar uma "crise global de alimentos" que poderia levar à "fome" ao atacar a Ucrânia e desencadear uma guerra entre duas potências produtoras de grãos.

Durante a conferência regional da FAO em Quito, que irá até sexta-feira, Qu Dongyu pediu a identificação das principais ações multilaterais para reduzir o impacto da "crise" devido ao aumento dos preços dos alimentos.

"Nenhum país será grande o suficiente ou poderoso o suficiente para enfrentar esse problema sozinho", alertou.

O diretor da FAO ressaltou que a América Latina e o Caribe, com cerca de 650 milhões de habitantes, segundo a ONU, produzem alimentos suficientes em termos de calorias para sustentar a vida de cerca de 1,3 bilhão de pessoas.

"Mas até 2050 isso não será mais suficiente. Teremos que apoiar quase 10 bilhões de pessoas" globalmente, acrescentou.

Ele indicou que a região é a mais biodiversa e possui uma riqueza ímpar, que representa 13% da produção agrícola e pesqueira mundial, além de 34% dos recursos de água doce do planeta.

No entanto, "a pandemia atingiu duramente a América Latina e o Caribe. A fome, a insegurança alimentar, a obesidade e a pobreza estão aumentando, e os recursos naturais e o ecossistema enfrentam degradação", alertou.

Ministros da região se reúnem com o objetivo de promover dietas saudáveis, promover o desenvolvimento rural inclusivo e promover a agricultura sustentável e resiliente, segundo a FAO.