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Estado de Minas BUDAPESTE

Voluntários se mobilizam na Hungria contra a fraude eleitoral


28/03/2022 09:08

Em uma semana, quando as eleições gerais forem realizadas na Hungria, Laszlo Mero estará pronto para trabalhar. Juntamente com outros 20.000 voluntários, ele se prepara para monitorar a votação, em um contexto de temores de fraude.

O primeiro-ministro nacionalista Viktor Orban, de 58 anos, espera conquistar um quarto mandato consecutivo em 3 de abril para continuar sua "revolução conservadora".

De acordo com Bruxelas, a transformação acelerada na Hungria é acompanhada por várias violações do Estado de Direito e isso causa preocupação sobre como a eleição será realizada.

Neste contexto, a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) enviou mais de 200 observadores, um dispositivo excecional para um país da União Europeia (UE), tal como só tinha sido feito na Bulgária em 2013.

Ao mesmo tempo, a coalizão de seis partidos da oposição, unidos para tentar derrotar o líder autoritário, recrutou milhares de voluntários.

Todos receberam treinamento online e um aplicativo móvel que permitirá apontar possíveis irregularidades na votação.

A iniciativa é inédita, comemora Peter Muller, empresário de 45 anos que participou da criação do grupo de cidadãos chamado "20K".

"Haverá dois observadores da oposição em cada escritório, mesmo nos cantos mais remotos" do país, diz.

Laszlo Mero, um professor universitário de 72 anos, foi designado para uma pequena cidade no leste, a 250 km de Budapeste, onde mora.

A viagem será um pouco longa, mas "o sacrifício vale a pena", comenta à AFP. "Nestes últimos 12 anos, as regras eleitorais foram alteradas", lamenta o professor.

- "Não ter medo" -

Os 12 anos de governo de Orban cimentaram o poder de seu partido Fidesz em todas as instituições.

Acostumado às disputas com a UE e aos laços estreitos com o líder russo Vladimir Putin, Orban introduziu mudanças legislativas ao longo de seus mandatos que favoreceram seu partido em detrimento de outras formações.

Logo após seu retorno ao poder em 2010, o líder aprovou duas leis que concedem a nacionalidade húngara aos magiares (húngaros étnicos) que vivem fora do país, com direito a voto, inclusive pelo correio.

Mais recentemente, uma emenda alterou a definição de local de residência, que agora pode ser um simples endereço de contato, sem garantia de que realmente se vive no local.

"Isso abre as portas para o turismo eleitoral", alertou Zsofia Banuta, cofundadora da organização Unhack Democracy, que vê uma manobra que pode fazer a diferença na votação.

As pesquisas antecipam a votação mais apertada desde 2006, com uma ligeira vantagem para o chefe de governo cessante.

A ativista de 40 anos pediu aos funcionários nas assembleias de voto "que não tenham medo de apontar abusos".

Foi-lhes disponibilizado um curso online para evitar a "grande fraude" que manchou, segundo esta ONG, as eleições anteriores de 2018.

"Foram as eleições mais injustas dos últimos 30 anos, desde o fim do comunismo", assegurou Banuta.

Com base no depoimento de 170 agentes eleitorais, o Unhack Democracy verificou múltiplos problemas com o transporte de eleitores de países vizinhos, intimidação ou compra de votos, falsificação de boletins pelo correio, falhas no "software" eleitoral, etc.

"A trapaça se tornou normal", lamenta Banuta. "Queremos viver em um país onde qualquer irregularidade seja sancionada".

Mas para a OSCE, o problema vai além do dia das eleições. Em um relatório preliminar, a missão destacou a parcialidade da imprensa, a maior parte da qual está sob o controle do Fidesz.

E várias deficiências observadas em 2018 não foram resolvidas, segundo a organização.


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