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Estado de Minas BRASÍLIA

Caetano Veloso lidera ato em Brasília contra 'destruição' ambiental do bolsonarismo


09/03/2022 21:12

Expoente da MPB, Caetano Veloso liderou nesta quarta-feira (9) uma manifestação em frente ao Congresso em Brasília contra a política ambiental de Jair Bolsonaro, no momento em que deputados aliados ao presidente estão analisando diversos projetos polêmicos, que afetam em especial as terras indígenas.

Na emblemática Esplanada dos Ministérios, Veloso e artistas como a cantora Daniela Mercury e o rapper Emicida, junto com centenas de organizações da sociedade civil e representantes indígenas, protestaram contra o chamado "pacote de destruição", referindo-se a vários projetos que poderão ser votados nos próximos meses e são considerados prejudiciais ao meio ambiente.

Caetano leu antes uma carta diante do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a quem pediu que "nenhuma proposta seja colocada em votação até que esteja alinhada com o que diz a ciência".

"O dia de hoje marca uma mobilização inédita que une artistas e duas centenas de organizações da sociedade civil", disse Caetano, que encerrou seu discurso no Congresso cantando o refrão de sua música "Terra", enquanto todo o salão o acompanhava.

Chico Buarque, que está se recuperando de uma cirurgia, falou por videochamada: "Ninguém é contra o agronegócio em si, mas sim contra os lucros desenfreados."

A carta adverte que, se aprovadas, as iniciativas do pacote podem causar "prejuízos irreversíveis" e "perenizar este quadro de retrocessos socioambientais" refletido no desmatamento descontrolado da Amazônia, "a violência contra os indígenas e outros povos tradicionais" e a credibilidade "arrasada" do país.

Na esplanada, havia infláveis gigantes de uma abelha, uma capivara e um pássaro, alertando para o risco de destruição do meio ambiente.

"Esse pacote acaba com tudo de melhor do nosso país", gritou um dos oradores ao microfone. "Bolsonaro precisa ser derrotado já!", acrescentou, provocando aplausos.

O presidente é um defensor ferrenho das atividades extrativistas na Amazônia. Desde que assumiu o poder em 2019, em aliança com representantes do agronegócio, tentou acelerar projetos no Congresso para flexibilizar as regulamentações ambientais e enfrentou protestos internacionais pelo aumento do desmatamento na maior floresta tropical do mundo.

A ONG Observatório do Clima, um dos organizadores do evento, afirmou que, com esse pacote de leis, "os crimes ambientais serão legalizados e o Brasil se tornará um dos maiores párias climáticos do mundo".

"Estão destruindo o Brasil de todas as formas possíveis: com agrotóxicos, com falta de vacinas... Tenho duas filhas pequenas e estou aqui por elas", disse Michele Pereira, uma enfermeira de 40 anos que participou do ato com suas filhas.

Um dos projetos estabelece a "tese do marco temporário", segundo a qual só são reconhecidas como 'terras ancestrais' aquelas que estavam ocupadas pelos indígenas antes da promulgação da Constituição de 1988.

Outros dois, chamados por seus críticos de "Projetos de Lei de Invasão", buscam regularizar a ocupação ilegal de terras públicas por madeireiros, garimpeiros e exploradores agrícolas.

Essa lista também inclui um projeto que flexibiliza as exigências ambientais para empreendimentos agrícolas e energéticos e outro que flexibiliza o uso de agrotóxicos no país.

- Mineração e fertilizantes russos -

Enquanto isso, deputados aliados de Bolsonaro tentam fazer com que outro projeto criticado pelos manifestantes, o que legaliza a mineração em terras indígenas, tramite na Câmara com urgência, ou seja, sem passar pelas comissões.

Na quarta-feira, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), decidiu que esse projeto será votado na segunda quinzena de abril, quando um grupo de 20 parlamentares já terá se manifestado sobre o assunto.

Segundo o deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara, é preciso acelerar esse projeto "para explorar as reservas de potássio" e evitar possíveis problemas na importação de fertilizantes agrícolas da Rússia devido à invasão da Ucrânia.

O deputado Rodrigo Agostinho (PSB-SP), coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, apontou que o bolsonarismo está usando a "desculpa" da guerra na Ucrânia para aprovar este projeto "prejudicial à imagem do Brasil, ao meio ambiente e à saúde das pessoas".

Potência agrícola mundial, o Brasil importa mais de 80% dos fertilizantes que utiliza, percentual que supera 96% no caso do potássio (insumo para muitos desses produtos), segundo dados do Ministério da Agricultura.

Mais de 20% dos fertilizantes que importa vêm da Rússia, principal fornecedor do Brasil.


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