Jornal Estado de Minas

JERUSALÉM

Israel acusa investigadora da ONU de parcialidade

Israel acusou nesta quinta-feira (17) Navi Pillay, investigadora das Nações Unidas sobre as violações aos direitos humanos em territórios palestinos e em Israel, de parcialidade, alguns dias depois de uma ONG apresentar uma denúncia contra ela.



Pillay dirige desde 13 de abril de 2021 a comissão internacional encarregada de investigar supostas violações dos direitos humanos nos territórios palestinos e em Israel.

Em uma carta datada de quinta-feira e dirigida a ela, a embaixadora israelense nas Nações Unidas, Meirav Eilon Shahar, considera que a comissão pretende "demonizar Israel".

Shahar também afirma que Pillay é "pessoalmente conhecida por apoiar posições anti-Israel" e denuncia o uso da palavra "apartheid" para classificar a política de Israel com os palestinos, como feito pela ONG Anistia Internacional em um relatório recente.

"Consideramos Pillay uma militante anti-Israel que não deveria presidir esta comissão", disse nesta quinta-feira Lior Haiat, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores israelense.

"Não cooperaremos com esta comissão", acrescentou durante um encontro com a imprensa, estimando que a nomeação de Pillay era uma "vergonha".



Pillay foi alta comissária das Nações Unidas para os direitos humanos entre 2008 e 2014. Também foi juíza e presidente do Tribunal Penal Internacional para Ruanda.

Na África do Sul, foi a primeira mulher a abrir em 1967 um escritório de advocacia em sua província de Natal, onde defendeu militantes antiapartheid, denunciou a tortura e obteve direitos para os prisioneiros de Robben Island, onde estava detido Nelson Mandela.

A ONG UN Watch, com sede em Genebra, apresentou uma queixa contra ela e pediu sua demissão, alegando que fez comentários sobre o conflito israelense-palestino que "comprometiam sua imparcialidade".

Segundo seu site, a UN Watch esteve afiliada ao Comitê Judaico Americano em 2001, mas a ONG disse que não está afiliada desde 2013 e que é "totalmente independente".

A comissão de investigação da ONU foi criada no final de maio de 2021 após uma onda de violência em Israel e nos Territórios Palestinos.