A Anistia Internacional, uma ONG de direitos humanos com sede em Londres, deve publicar um longo relatório acusando Israel de praticar uma política de "apartheid" em relação a palestinos e árabes israelenses, descendentes dos palestinos que permaneceram em Israel, após a criação do Estado hebraico em 1948.
Nesta segunda-feira, em um vídeo transmitido à imprensa, o chefe da diplomacia israelense, Yair Lapid, pediu à Anistia que não divulgasse o relatório, que ele considera "antissemita".
"A Anistia costumava ser uma organização valiosa que todos nós respeitávamos. Hoje é exatamente o oposto", disse Lapid, acusando a ONG de "não ser uma organização de direitos humanos, mas uma organização radical".
"Israel não é perfeito, mas é uma democracia ajustada ao direito internacional, aberta a críticas (...) Não vejo outra explicação", acrescentou Lapid.
De Jerusalém, Callamard rejeitou as acusações de antissemitismo e insistiu que o relatório fosse publicado.
"O relatório é resultado de quatro anos de trabalho, pesquisa e comprometimento com a base do movimento Anistia. Temos 70 seções no mundo representando 10 milhões de pessoas que apoiam este relatório e estão prontas para sua publicação", afirmou.
"Gostaríamos de ter conversado com o ministro das Relações Exteriores quando o abordamos pela primeira vez em outubro passado sobre o relatório, mas não obtivemos resposta. Agora é tarde demais para nos pedir para não publicá-lo", disse.
"Criticar as práticas do Estado de Israel não é de forma alguma uma forma de antissemitismo. A Anistia denuncia fortemente o antissemitismo... e denunciamos o antissemitismo de muitos líderes (políticos) em todo o mundo", acrescentou Callamard.
JERUSALÉM