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Estado de Minas LISBOA

O socialista português António Costa, um pragmático que queria governar sozinho


30/01/2022 19:57

O primeiro-ministro português, António Costa, que liderava neste domingo (30) as eleições legislativas, é um socialista pragmático que chegou ao poder graças à esquerda radical, mas sempre quis governar sozinho.

De origem indiana, este advogado de 60 anos, cabelos brancos e óculos de aro fino, teve que que pôr seu mandato em jogo após a retirada do apoio de seus aliados para o orçamento.

Foi graças a este pacto inédito com a esquerda radical e os comunistas que este ex-prefeito de Lisboa chegou ao poder em 2015, após eleições que tinha perdido.

A mistura deu resultado e este amante da cozinha, do cinema e do fado, enfim, chegou ao fim de seu mandato de quatro anos com enorme popularidade.

Ele aproveitou a recuperação econômica para eliminar as medidas de austeridade implementadas pela direita em troca do resgate concedido em 2011, e continuou saneando as contas públicas para ajustá-las às normas orçamentárias europeias.

Em seguida, venceu as legislativas de outubro de 2019 sem dispor de maioria absoluta. Mas não quis renovar a aliança com seus apoiadores da esquerda radical, que acabaram abandonando-o durante as negociações sobre o orçamento de 2022.

- Experiente e ambicioso -

Embora tenha dito claramente que se demitiria em caso de derrota, foi mais evasivo quanto às alianças se vencesse sem maioria absoluta, como parecem indicar as primeiras pesquisas.

"António Costa é um político muito experiente e ambicioso. Em certos contextos são qualidades, em outros podem ser vistos como um defeito", comenta o cientista político José Santana Pereira, da Universidade de Lisboa.

"Todo mundo sabe que sou um homem de diálogo e compromisso", disse certa vez, mas seus críticos o descrevem como alguém obstinado, que decide sozinho.

Seus antigos aliados não escondem sua desconfiança e alguns veem nele "um obstáculo" para uma nova aliança com a esquerda.

O presidente conservador português Marcelo Rebelo de Sousa, seu ex-professor da faculdade de Direito em Lisboa, debochou certa vez de seu "otimismo crônico e um pouco incômodo". Costa, por sua vez, reivindicou ter um "otimismo militante".

Perseverante, este torcedor do Benfica, casado com uma professora e pai de dois filhos, construiu uma carreira com a mesma paciência que demonstra ao montar quebra-cabeças, seu passatempo favorito.

- Grande família de Goa -

Nascido em 17 de julho de 1961 em Lisboa, Costa cresceu nos círculos intelectuais frequentados por seus pais, a jornalista Maria Antonia Palla, socialista, e o escritor comunista Orlando da Costa, descendente de uma grande família de Goa, antiga área de influência de Portugal na Índia.

Seu meio-irmão, Ricardo Costa, sete anos mais novo, é um jornalista influente em Portugal.

Aos 14 anos, "Babush" ("menino" em konkani, o idioma de Goa) se engajou na Juventude Socialista.

Daqueles anos, diz ter sofrido mais com o divórcio dos pais do que com a cor da sua pele. Depois de se formar em Direito e Ciência Política, tornou-se advogado em 1988.

Em 1995, aos 34 anos, foi nomeado secretário de Estado para Assuntos Parlamentares, um cargo-chave no governo minoritário de António Guterres, antes de se tornar ministro da Justiça em 1999.

Depois de um breve período no Parlamento Europeu, voltou ao seu país em 2005 como ministro do Interior, mas deixou o governo depois de dois anos para disputar a prefeitura de Lisboa, onde deu seus primeiros passos à frente de uma união da esquerda e consolidou sua popularidade.

Esta etapa também lhe permitiu se distanciar do ex-primeiro-ministro José Sócrates, afastado do poder em 2011 e depois processado por corrupção em novembro de 2014, ano em que Costa chegou ao topo do Partido Socialista.


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