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Estado de Minas MASLOVA PRISTAN

Russos da fronteira com Ucrânia, alheios à escalada, seguem sua vida


28/01/2022 10:41

A fronteira russa com a Ucrânia, palco de uma importante crise geopolítica, está a praticamente dois passos dali, mas as tensões não impediram Artiom Ivanov de se levantar ao amanhecer para ir pescar, como sempre fez.

"Uma guerra?", comenta surpreendido este trabalhador de 34 anos, vestido com uma parka azul, girando o anzol sobre um pequeno buraco aberto nas águas geladas do Seversky Donets, um rio transfronteiriço, na cidade de Maslova Pristan, no sudoeste da Rússia.

"Se uma guerra realmente estivesse sendo preparada, estaria polindo meu rifle automático e não pescando", disse, sorrindo, enquanto um dos dois peixes que pescou ("para meu gato") se contorce aos seus pés.

Assim como ele, a maioria dos habitantes dessa área fronteiriça com quem a AFP conversou afirma que não acredita que um novo conflito vai começar, apesar da escalada das tensões entre Moscou e Kiev, a quem os ocidentais apoiam.

Segundo eles, a mobilização de dezenas de milhares de soldados e de tanques russos na fronteira ucraniana não é nenhum indício de que a Rússia quer invadir seu vizinho, como temem os Estados Unidos.

"Em nossas terras, fazemos o que queremos. Temos que pedir permissão ao vizinho quando queremos fazer obras no nosso jardim?", diz Serguéi Yaroslavtsev, ecoando a retórica do Kremlin.

"De qualquer forma, a Rússia nunca inicia as hostilidades", defende o homem de 56 anos e trabalhador na indústria do gás, enquanto pesca um pouco mais.

De fato, longe das tensas negociações diplomáticas entre Moscou e Washington, que se culpam mutuamente pela crise em torno da Ucrânia, essa região fronteiriça parece tranquila.

As planícies nevadas se estendem até onde a vista alcança, preenchidas aqui e ali com árvores secas e sistemas de irrigação desligados.

Essa região, que durante séculos foi uma passagem fortificada do império russo, sabe algo de conflitos: quase todas as cidades têm seu memorial para os soldados mortos desde a Segunda Guerra Mundial, ou com tanques e canhões alinhados nas praças públicas, como acontece na cidade fronteiriça de Shebekino.

Por outro lado, alguns habitantes confessam estarem preocupados com a possibilidade de o Ocidente impor novas sanções se a Rússia invadir a Ucrânia.

Ilia Ignatiev, um estudante de medicina de 24 anos, teme que as coisas se compliquem para viajar ou que seu padrão de vida seja prejudicado.

As sanções impostas à Rússia desde a anexação da península ucraniana da Crimeia, em 2014, "já comprovaram: tornam tudo mais difícil", declarou à AFP.

No rio gelado, o pescador Artiom Ivanov acredita que agora "tudo está nas mãos de Deus".

"Não precisamos de mais terras", disse. Mas "se eles [os ucranianos] atacarem, é claro que vamos lutar".


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