As declarações foram divulgadas ao mesmo tempo que acontece uma reunião em Paris entre conselheiros diplomáticos dos presidentes russo, ucraniano, francês e do chanceler alemão.
A reunião no formato diplomático chamado de "Normandia", criado em 2015, tenta reduzir a crise após uma série de conversas entre russos e americanos na semana passada.
As tensões não param de aumentar há vários meses a respeito da Ucrânia. A Rússia é acusada de ter concentrado dezenas de milhares de soldados na fronteira em preparação a uma invasão.
Moscou exige garantias para sua segurança e não aceita uma eventual adesão de Kiev à Otan. Uma resposta escrita da Otan e de Washington às demandas russas será enviada ao Kremlin até o fim de semana, informaram à AFP fontes da Aliança Atlântica.
Uma autoridade europeia considerou algumas demandas de Moscou "inaceitáveis".
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou na terça-feira que poderia "considerar" sanções pessoais ao colega russo Vladimir Putin.
Se a Rússia "invadir todo país", ou "até muito menos" do que isso, terá "enormes consequências" e "mudará o mundo", afirmou o presidente americano, sem especificar quais sanções estariam sobre a mesa.
O Kremlin considerou "destrutiva" para as relações entre a Rússia e o Ocidente a ideia de impor sanções ao presidente Putin, em caso de invasão da Ucrânia.
"Do ponto de vista político, não é doloroso, é destrutivo", declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, à imprensa, advertindo que as medidas não terão o efeito desejado.
Embora Biden não tenha revelado detalhes sobre as eventuais sanções contra Putin, as sanções de Washington contra personalidades estrangeiras geralmente envolvem o congelamento de seus ativos e a proibição de fazer negócios nos Estados Unidos.
Peskov lembrou que a legislação russa proíbe, em princípio, autoridades de alto escalão do governo de terem ativos no exterior, motivo pelo qual tais medidas "não são, em absoluto, dolorosas" para eles.
- Manobras militares -
A Rússia intensificou nas últimas semanas as manobras militares, inclusive na fronteira com a Ucrânia, com exercícios iniciados na terça-feira que envolvem quase 6.000 homens, caças e bombardeiros no sul e na Crimeia, península ucraniana que Moscou anexou em 2014.
Antes, Moscou anunciou manobras navais no Atlântico, Ártico, Pacífico e Mediterrâneo, além de exercícios conjuntos com Belarus nas fronteiras com a União Europeia.
A Rússia também concentrou até 100.000 soldados nas fronteiras ucranianas.
Apesar de provocar um estado de alerta, o ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, afirmou nesta quarta-feira que o número de tropas russas estacionadas em suas fronteiras ainda é "insuficiente" para que possam lançar um ataque de grande envergadura contra seu país.
O número "é importante, representa uma ameaça para a Ucrânia, mas, no momento em que falamos, este número é insuficiente para uma ofensiva em grande escala contra a Ucrânia ao longo de toda fronteira", declarou Kuleba em uma entrevista coletiva online.
- Papa Francisco pede paz -
"Por favor, nunca mais guerra!", implorou nesta quarta-feira o papa Francisco no Vaticano, após as crescentes tensões entre Estados Unidos e Rússia.
O governo dos Estados Unidos colocou na segunda-feira 8.500 soldados em alerta. Os militares poderiam ser adicionados à Força de Resposta Rápida da Otan de 40.000 militares. Mas a decisão de envio ainda não foi tomada.
A Otan anunciou que deixa suas forças em situação de espera, além de enviar barcos e e aviões de combate para reforçar suas defesas no leste da Europa. A Rússia considera as tropas da Aliança em sua vizinhança uma ameaça existencial.
Outra fonte de tensão é uma declaração do primeiro vice-presidente do Conselho da Federação, a Câmara Alta do Parlamento Russo.
Andrei Turshak pediu nesta quarta-feira que a Rússia entregue armas aos separatistas pró-Moscou do leste da Ucrânia e acusou as autoridades de Kiev de "preparar uma agressão militar" contra as regiões separatistas.
MOSCOU