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Estado de Minas TEGUCIGALPA

Xiomara Castro tomará posse em Honduras em plena crise política


25/01/2022 19:21

A esquerdista Xiomara Castro se tornará, na quinta-feira (27), a primeira mulher a governar Honduras, com sua liderança posta à prova por um grupo de deputados rebeldes que ameaçam seus planos de combate à corrupção, tráfico de drogas e pobreza.

Castro, de 62 anos, esposa do presidente deposto Manuel Zelaya, venceu as eleições de 28 de novembro com uma coalizão liderada por seu partido, Liberdade e Refundação (Libre), derrotando o direitista Partido Nacional, do presidente Juan Orlando Hernández.

Com a proposta de um "socialismo democrático", Castro propõe mudanças profundas em um país onde 71% de seus quase 10 milhões de habitantes vivem na pobreza, segundo a ONG Fórum Social da Dívida Externa e Desenvolvimento de Honduras (Fosdeh).

"Quatro em cada dez habitantes não têm recursos nem para comprar um prato de comida por dia", explicou a Fosdeh em um relatório.

O país também registra uma alta taxa de homicídios - quase 40 por 100.000 habitantes - provocada por cartéis de drogas e gangues.

Somam-se a isso fenômenos climáticos, intensificados pelo aquecimento global e que causam enormes prejuízos.

Toda essa adversidade gera fortes correntes migratórias em direção aos Estados Unidos em busca de emprego.

Para resolver esses problemas, a presidente precisará do apoio do Parlamento, que mesmo antes de sua posse já se mostra arredio, embora o analista Víctor Meza, ex-diretor do Centro de Documentação da ONG (Cedoh) e ex-ministro de Zelaya, acredite que vai recuperá-lo.

"Acredito que Xiomara (...) vai ter um Congresso leal, que vai acompanhá-la porque ela precisa de um Congresso forte para recuperar o quadro institucional, o Estado de Direito", sublinhou Meza.

- Duas legislaturas em paralelo -

Divergências no Libre provocaram uma divisão no Parlamento eleito e a instalação de duas legislaturas com dois presidentes do Congresso, uma liderada por Luis Redondo, do Partido Salvador de Honduras (PSH), apoiado por Castro, e outra por Jorge Cálix, dissidente do Libre, juntamente com cerca de 20 rebeldes, que receberam o apoio de opositores de direita Partido Nacional e Partido Liberal.

Os dois reivindicaram legitimidade. Redondo legisla do Parlamento e tem em seu controle a Gaceta Oficial (Diário Oficial), onde são oficializadas as normas, enquanto Cálix administra via Zoom e tem o controle das redes sociais do Legislativo.

Tudo ocorre sob o olhar atento dos Estados Unidos, que já demonstraram seu apoio a Castro no mais alto nível. A própria vice-presidente americana, Kamala Harris, estará presente na posse, que ocorrerá no Estádio Nacional de Tegucigalpa.

"Mantenham a calma, participem do diálogo, (abstenham-se) da violência e da retórica provocadora", disse nesta segunda o porta-voz da diplomacia americana, Ned Price.

O vice-presidente de Taiwan, William Lai, também estará presente na cerimônia de posse de Castro, cujo país é um dos últimos aliados diplomáticos que a ilha tem na América Central, além da Guatemala.

- Via de saída -

Cálix considerou que o Libre deve presidir o Parlamento porque tem a maioria, com 50 legisladores, e não o PSH de Redondo, e por isso se afastou, mas mostrou-se favorável a uma nova votação.

Enquanto isso, Redondo informou ter sido chamado pela embaixada dos Estados Unidos em Tegucigalpa para conversar sobre o assunto.

Segundo relataram à AFP fontes próximas às negociações, as partes têm avaliado a possibilidade de um terceiro candidato de consenso.

Mas ainda falta convencer alguns membros da coalizão do novo governo.

Castro convidou Redondo a lhe colocar a faixa presidencial. Mas se até a quinta-feira a direção do Parlamento não estiver definida, um juiz poderá fazê-lo, como prevê a lei.

- Chega de impunidade -

Castro acusa os dissidentes de se aliarem ao Partido Nacional de Hernández para impedir as transformações que prometeu na campanha, incluindo a recuperação de leis contra a impunidade, desmanteladas pelo governo cessante.

"Os que buscam mais impunidade, os que buscam mais corrupção devem entender (...) que este país não tem mais espaço para isso", alertou em declarações a veículos de imprensa locais o cientista político e acadêmico Julio Navarro.

Hernández foi acusado pela Justiça de Nova York de manter ligações com o tráfico de drogas. Seu irmão, o ex-deputado Juan Antonio "Tony" Hernández, está cumprindo pena de prisão perpétua nos Estados Unidos por esse crime. Ambos negam as acusações.

Outra tarefa de Castro será nomear "uma Corte Suprema de Justiça que tenha imparcialidade e que não venha a ocultar ou gerar também impunidade", disse o representante da ONG Associação para uma Sociedade mais Justa (ASJ), Lester Ramírez.

Em meio à crise, Castro recebeu o apoio das influentes Forças Armadas e da Polícia Nacional.


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