Na televisão, rádio, jornais impressos e redes sociais, Israel acompanha detalhadamente a saga do "iskat tiun", ou "plea bargain" (delação premiada), uma negociação de pena por parte de Netanyahu para evitar uma eventual condenação à prisão.
Confirmando elementos fornecidos pela mídia local, fontes judiciais informaram à AFP que estão em andamento atualmente as negociações entre o entorno do primeiro-ministro e o Poder Judiciário sobre uma negociação de pena.
No entanto, essas fontes não comentaram o desenvolvimento dessas discussões e também não sugeriram que Netanyahu, de 72 anos e que esteve à frente do governo israelense desde 2009 até junho de 2021, aceitaria um acordo como esse.
Ele é acusado de ter aceitado presentes (champanhe, joias e cigarros) oferecidos por personalidades ricas, de ter tentado obter um tratamento favorável por parte do maior jornal de Israel, o Yediot Aharonot, e de privilegiar um magnata das telecomunicações com propósitos similares.
Isso engloba acusações de corrupção, abuso de confiança e peculato, contra as quais o chefe de governo com mais tempo no cargo na história do país proclama sua inocência e acusa os tribunais de terem orquestrado um "golpe de Estado" contra ele.
Apesar dessas acusações, Netanyahu se manteve no poder durante meses e impôs nas eleições antecipadas, até que seus adversários alcançaram uma maioria para acabar com seu mandato.
O advogado de Netanyahu se reuniu com o procurador-geral Avichai Mandelblit, que se aposentará em algumas semanas, para negociar uma sentença que o isente da prisão após se declarar culpado de apenas algumas acusações.
Porém, o procurador também estaria buscando, de acordo com a mídia local, adicionar uma cláusula de "infâmia moral" que, segundo a lei israelense, impediria Netanyahu de fazer parte do Parlamento durante os próximos sete anos.
"Ver Netanyahu na prisão não é algo impossível de imaginar. E acredito que ele mesmo pensa assim (...). Além disso, vê cada dia mais longe sua possibilidade de voltar ao poder, potanto o mais provável é que considere chegar a um acordo" com a justiça, afirmou o analista político Schmuel Rosner à AFP.
Uma pesquisa da emissora pública Kan revela que a maioria dos israelenses (52%) se opõe a esse acordo. Muita gente se manifestou contra em frente à casa do procurador em Petah Tikva (centro de Israel) no fim de semana. Alguns consideram o acordo como "muito pouco e tarde demais", mas outros também o denunciam como "injusto" e que é "julgamento político".
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