Jornal Estado de Minas

YANGON

Centenas de monges birmaneses fogem de combates entre Exército e rebeldes

Centenas de monges fugiram de seus mosteiros no leste de Mianmar para evitar os violentos confrontos entre o Exército e os grupos rebeldes contrários à junta militar - disseram testemunhas, neste domingo (16), à AFP.



Em Loikaw, no estado de Kayah, cerca de 30 mosteiros foram abandonados, e seus ocupantes deixaram a cidade a bordo de dezenas de caminhões, relatou um deles à AFP, pedindo para não ser identificado.

"Foi difícil tomar a decisão de ir embora, mas tínhamos que fazer. Era impossível ficar", disse um monge, que pediu anonimato.

O monge, que está entre as 5.000 pessoas que fugiram de Loikaw para o leste do estado de Shan, disse que 12 mosteiros na cidade de Demos, a poucos quilômetros de distância, também foram abandonados.

Isso é incomum em uma nação onde os religiosos são reverenciados e os templos são considerados portos seguros.

Há vários dias, estas duas cidades, localizadas a 200 km ao leste da capital birmanesa, Naypyidaw, são palco de intensos combates entre rebeldes e forças militares. O Exército lançou ataques aéreos e fez disparos de artilharia.

Tanto Demoso quanto Loikaw são redutos rebeldes e, segundo a ONU, os combates se intensificaram na região desde dezembro.



A ONU estima que metade da população de Loikaw foi forçada a deixar suas casas e que cerca de 90.000 pessoas do estado de Kayah fugiram. A imprensa local menciona mais de 170.000 deslocados.

Em Loikaw, combatentes rebeldes invadiram igrejas e casas abandonadas. Também forçaram o acesso a uma prisão para tentar incitar os detentos a se juntarem a eles, informou um membro da polícia local.

"A cidade está deserta. A situação é muito complexa", disse a polícia. Aproximadamente cerca de 600 veículos saem diariamente da cidade, informou.

Um sacerdotes cristão disse à AFP que 15 sacerdotes também fugiram de Loikaw na semana passada.

Mianmar está mergulhada no caos e na violência desde o golpe de Estado militar de 1º de fevereiro de 2021 que derrubou Aung San Suu Kyi e encerrou uma década de transição democrática.

audima