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Estado de Minas WASHINGTON

Biden encerra uma semana de decepções em série


14/01/2022 21:10

O presidente americano, Joe Biden, comemorou nesta sexta-feira (14) um dos raros êxitos de seu mandato: seu plano de infraestrutura, ao encerrar uma semana marcada por provocações de Coreia do Norte e Rússia, inflação recorde, aumento de hospitalizações pela covid-19 e o naufrágio legislativo de uma importante reforma eleitoral.

"Fala-se muito na decepção pelas coisas que não conseguimos fazer", disse o presidente democrata após diversos reveses, prometendo "fazer muito".

"Mas isto é algo que fizemos", afirmou, referindo-se à lei de infraestrutura de 1,2 trilhão de dólares, que atribui recursos para reparar pontes e rodovias, construir uma rede de recarga de veículos elétricos e expandir a internet de banda larga, que contou, inclusive, com o apoio de legisladores republicanos.

Mas a lembrança deste feito inegável tem um gosto quase amargo.

Em 15 de novembro, Biden promulgou com pompa seu ambicioso plano de despesas para atender a deteriorada infraestrutura do país. Na ocasião, comemorou o apoio da senadora democrata Krysten Sinema, que o acompanhava, sorridente.

Ontem, no entanto, a mesma Sinema enterrou em poucas palavras, na tribuna do Senado, a importante reforma eleitoral com que Biden prometia proteger o acesso às urnas dos afro-americanos frente às restrições impostas por certos estados conservadores do sul.

- Muito pouca margem de manobra -

A reforma é um símbolo da mudança que Biden tenta promover: em dois discursos recentes, o presidente advertiu sobre o perigo que, na sua opinião, a democracia americana está correndo. E fez ataques de virulência sem precedentes contra o seu antecessor, o republicano Donald Trump, e contra a oposição em geral.

A liderança democrata previa a aprovação dos dois projetos de lei eleitorais por maioria simples, evitando o filibusterismo, ou seja, a regra da Câmara Alta que requer 60 votos de 100 para dar luz verde aos projetos.

Contudo, conseguir a maioria simples também é complicado para os democratas, pois o Senado está dividido meio a meio (50 a 50), o que lhes dá como vantagem apenas o voto de desempate da vice-presidente Kamala Harris frente aos votos dos republicanos.

Sem os votos de Sinema e de Joe Manchin, outro senador democrata "rebelde", a tentativa de suspender o filibusterismo está condenada ao fracasso, assim como a reforma eleitoral.

Além disso, na mesma quinta-feira, a Suprema Corte anulou um requisito de vacinação anticovid que o presidente queria impor às grandes empresas, e o conselheiro de Segurança Nacional admitiu em entrevista coletiva que, mesmo depois de um intenso "balé" diplomático com a Rússia, a ameaça de um novo conflito na Ucrânia ainda não havia se dissipado.

Um dia péssimo no meio de uma semana calamitosa que mostra com dureza que Biden, que tomou posse há pouco menos de um ano, fez promessas muito grandes com pouquíssima margem de manobra. Seu controle do Congresso está por um fio e ele ainda tem que lidar com uma Suprema Corte que se tornou bastante conservadora.

- "Continuar lutando" -

Na frente econômica, a inflação nos Estados Unidos alcançou seu nível mais alto desde 1982. E o país bateu o recorde de hospitalizados por covid-19. Além disso, a nova onda do vírus está esvaziando as prateleiras dos supermercados devido aos problemas recorrentes de desabastecimento, desde o início da pandemia em março de 2020.

Nesta sexta-feira, a Coreia do Norte realizou o terceiro teste de mísseis deste ano, um novo motivo de tensão no momento em que os Estados Unidos acabam de impor novas sanções financeiras por lançamentos anteriores.

A tudo isso se somam as pesquisas que, uma atrás da outra, confirmam a forte impopularidade do presidente. De acordo com a sondagem da Universidade de Quinnipiac publicada na quarta-feira, apenas 33% dos entrevistados aprovam a gestão Biden. A maioria das pesquisas de opinião registra um índice de confiança de 42%, em média.

Nesse sentido, a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, insistiu nesta sexta-feira na necessidade de se ter paciência.

"Um programa de governo não se completa em um ano", reforçou Psaki, durante coletiva de imprensa. "Vamos continuar lutando por cada componente da agenda", acrescentou, enumerando tanto a economia, quanto o combate à pandemia e às mudanças climáticas, assim como a luta pelos direitos civis.

Mas Biden tem cada vez menos tempo.

Em novembro deste ano enfrentará eleições legislativas de meio de mandato, historicamente difíceis para o governo da vez, quando os democratas poderiam perder o controle tanto do Senado quanto da Câmara de Representantes.


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