Jornal Estado de Minas

GENEBRA

Ataques ataques aéreos no Tigré deixaram mais de 100 mortos em 2022

Pelo menos 108 civis morreram desde janeiro deste ano em ataques aéreos que teriam sido realizados pela Força Aérea etíope na região do Tigré - anunciou a ONU, nesta sexta-feira (14), referindo-se a possíveis crimes de guerra.



"As partes em conflito devem (...) suspender qualquer ataque, se parecer que o alvo não é um objetivo militar, ou se o ataque for desproporcional. O não respeito dos princípios de distinção e proporcionalidade pode constituir um crime de guerra", advertiu a porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, Elizabeth Throssell.

"Pelo menos 108 civis morreram e 75 ficaram feridos desde o início do ano, por ataques aéreos realizados pela Força Aérea etíope" nesta região, disse a porta-voz em uma coletiva de imprensa regular das agências da ONU.

O ataque mais mortal até o momento atingiu o campo de deslocados internos da cidade de Dedebit em 7 de janeiro, deixando dezenas de mortos e feridos.

"Desde então, foi confirmado que três das pessoas gravemente feridas não resistiram e faleceram no hospital (...) elevando o saldo desse único ataque para pelo menos 59 mortos", disse Throssell.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu novamente para que as partes beligerantes "parem os combates sob qualquer de suas formas". "É tempo de iniciar o diálogo e a reconciliação".



O Tigré é palco há 14 meses de um conflito armado entre o governo federal e as antigas autoridades locais da Frente Popular de Libertação do Tigré (TPLF), partido que governou a Etiópia por 30 anos até que o atual presidente, Abiy Ahmed, chegou ao poder em 2018.

Vencedor do Prêmio Nobel da Paz um ano depois de assumir o cargo de chefe de Estado, Abiy enviou o exército federal ao Tigré em novembro de 2020 para destituir o governo regional que questionava a sua autoridade há vários meses e ao qual imputou vários ataques a bases militares.

Nos últimos dias, a ONU denunciou uma "intensificação dos ataques aéreos", qualificando a situação como "alarmante".

O Tigré está sujeito a um "bloqueio de fato" da ajuda humanitária, segundo a ONU.

Em 9 de janeiro, o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) denunciou que a falta de suprimentos essenciais, como equipamentos médicos e combustível, "está afetando gravemente o atendimento aos feridos e levou o sistema de saúde à beira do colapso".

O conflito na zona já deixou milhares de mortos.

Os esforços diplomáticos para acabar com esta guerra aumentaram, assim como as atrocidades e a fome que atingem a população.



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