Staffan de Mistura foi recebido pelo ministro marroquino das Relações Exteriores, Nasser Bourita, em Rabat, na primeira etapa de uma viagem regional que também incluirá a Argélia.
O governo marroquino reafirmou sua "reabertura do processo político realizado sob a égide exclusiva da ONU para alcançar uma solução política com base na iniciativa marroquina de autonomia".
Em discurso recente, o rei de Marrocos, Mohamed VI, defendeu uma "solução pacífica" para o conflito, mas afirmou que "a 'marroquinidade' do Saara nunca estará na agenda de nenhuma transação".
O Saara Ocidental, uma ex-colônia espanhola, é considerado um "território não autônomo" pela ONU na ausência de uma solução definitiva. Há décadas, o dossiê enfrenta Marrocos e os saarauís pró-independência da Frente Polisario, apoiados pela Argélia.
Marrocos controla 80% do território e propõe uma ampla autonomia sob sua soberania, enquanto os independentistas pedem um referendo sobre a autodeterminação.
Para Rabat, a retomada das negociações, suspensas desde 2019, deve fazer parte do quadro de "mesas redondas" em que participam Marrocos, a Frente Polisário, a Argélia e a Mauritânia.
A Argélia se opõe ao retorno dos diálogos na forma de mesas redondas como as organizadas na Suíça pelo enviado anterior da ONU, o ex-presidente alemão Horst Köhler, que renunciou em meados de 2019 após não obter resultados significativos.
A viagem regional do emissário da ONU - a primeira desde que assumiu o cargo em novembro - acontece em um contexto de forte rivalidade entre Marrocos e Argélia. Começou na quarta-feira com grande discrição.
Depois de Marrocos, Mistura visitará no sábado os campos de refugiados saarauís de Tindouf e Rabouni, na Argélia, e depois viajará para Argel. Ele terminará sua turnê na Mauritânia em 19 de janeiro.
Segundo o seu porta-voz, o diplomata deseja "ouvir os pontos de vista de todas as partes interessadas em avançar para uma retomada construtiva do processo político sobre o Saara Ocidental".
RABAT