Jornal Estado de Minas

NAÇÕES UNIDAS

Emissário da ONU para o Saara Ocidental chega ao Marrocos como parte de giro regional

O novo enviado da ONU para o Saara Ocidental, o italiano Staffan de Mistura, chegou nesta quarta-feira (12) a Rabat, no Marrocos, a primeira etapa de um giro regional que também o levará à Argélia, anunciou o porta-voz do secretário-geral das Nações Unidas.



De Mistura "começou sua primeira visita à região". "Ele se reunirá com funcionários marroquinos em Rabat e, depois, com funcionários da Frente Polisário em Tinduf e Rabouni", na Argélia, onde estão sendo erguidos campos de refugiados saarauís, informou Stéphane Dujarric durante sua entrevista coletiva diária.

O emissário "também tem previsão de viajar a Argel e Nouakchott durante o giro" pelo noroeste da África, acrescentou o porta-voz, mas sem oferecer mais detalhes sobre estas etapas, indicando sua disposição "para ouvir os pontos de vista de todas as partes interessadas em avançar para a retomada construtiva do processo político sobre o Saara Ocidental".

Staffan de Mistura, que completará 75 anos em breve, está radicado em Bruxelas e assumiu o cargo em novembro. O diplomata italiano é um funcionário de longa data da ONU e atuou como enviado especial da organização para a Síria entre os anos de 2014 a 2018.



A Argélia rompeu relações diplomáticas com o Marrocos no fim de agosto de 2021, acusando o reino de "ações hostis" em um contexto de disputas em torno do Saara Ocidental.

Argel se opõe à retomada das negociações no formato de mesa-redonda como as que foram organizadas na Suíça pelo enviado anterior, o ex-presidente alemão Horst Köhler, que deixou o cargo em meados de 2019 após não conseguir resultados significativos.

O Saara ocidental, uma ex-colônia espanhola, é considerado um "território não autônomo" pela ONU na falta de uma solução definitiva. Há décadas, o tema confronta o Marrocos e os separatistas saarauís da Frente Polisário, apoiados pela Argélia.

O Marrocos controla 80% do território e propõe uma autonomia ampla sob sua soberania, enquanto os separatistas da Frente Polisário pedem um referendo de autodeterminação.

Em discurso recente, o rei do Marrocos, Mohamed VI, defendeu que se chegue a uma "solução pacífica" para o conflito, mas reafirmou que "a marroquinidade" do Saara "nunca estará na agenda de nenhuma transação".

O Conselho de Segurança da ONU, por sua vez, instou as partes em conflito a retomarem as negociações "sem condições prévias e de boa fé".

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