Na véspera de uma audiência importante, seu pai, Muamar, teme que o juiz renove a "prisão administrativa" de Amal, uma medida polêmica, que permite a Israel prender suspeitos por seis meses renováveis, indefinidamente e sem acusação formal.
"Desde a sua prisão, no ano passado, só o vi duas vezes. A última foi esta semana, na prisão, atrás de um vidro espesso, e não pude nem tocá-lo", contou Muamar, um jornalista de 50 anos, no apartamento da família, situado no campo de refugiados de Al-Jalazun, na Cisjordânia ocupada.
A prática da prisão administrativa foi criticada por organizações de defesa dos direitos humanos e por governos estrangeiros, mas a chancelaria de Israel a defende, citando a "complexa e volátil situação de segurança na Cisjordânia".
Mais de 450 palestinos estão detidos em Israel por causa das prisões administrativas. Segundo a ONG israelense HaMoked, seis deles são adolescentes, como Amal Nakhleh. Eles estão presos sem acusação formal ou processo, e sem acesso às provas contra eles mantidas pelos serviços de segurança israelenses.
- Nova audiência -
Amal cumpre prisão administrativa desde janeiro passado, quando soldados foram procurá-lo em casa. Antes, ele havia sido detido em novembro de 2020, quando acabava de se recuperar de uma cirurgia para a retirada de um tumor.
O menor foi acusado de lançar pedras contra a polícia, o que sua família nega. Ele passou 40 dias preso, até que um juiz israelense ordenou a sua libertação, segundo seu pai.
A AFP entrou em contato com o serviço de segurança israelense Shin Beth, que não quis fazer comentários, mas havia declarado antes à imprensa que Amal era "suspeito de participar de atividade terrorista".
A prisão de Amal já foi prorrogada duas vezes, e amanhã uma nova audiência será realizada. Seu caso foi apresentado às autoridades israelenses pela Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA), que pediu a "libertação imediata" do jovem, dadas as "suas condições médicas" e "por se tratar de um menor".
CAMPO DE REFUGIADOS DE AL-JALAZUN