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Estado de Minas BRASÍLIA

Jair Bolsonaro: provocação e negação como métodos de governo


03/01/2022 14:43

Após ser eleito com um discurso misógino, homofóbico e nostálgico da ditadura militar, o presidente Jair Bolsonaro, hospitalizado nesta segunda-feira (3) para tratar uma obstrução intestinal, manteve a provocação como método de governo, negando a gravidade da pandemia e o implacável desmatamento amazônico.

Este ex-capitão do Exército, de 66 anos, sofreu vários problemas de saúde desde sua chegada ao poder em janeiro de 2019, com quatro cirurgias importantes derivadas da facada que recebeu no abdômen durante a campanha eleitoral em 2018. O último deles foi uma nova obstrução intestinal, pela qual foi internado nesta segunda-feira no hospital Vila Nova Star, de São Paulo.

O ex-paraquedista, que prometeu "restabelecer a ordem", provocou crises dentro de seu próprio governo, com diversas demissões e renúncias de ministros em meio a polêmicas, e enfrentou outras instituições, especialmente o poder Judiciário.

Suas declarações "politicamente incorretas" chegaram ao auge durante a pandemia, a qual chamou de "gripezinha", questionando a eficácia das vacinas, que poderiam transformar as pessoas em "jacaré", e se opondo às medidas de confinamento, alegando prejuízos econômicos.

Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) pediu seu indiciamento por "crimes contra a humanidade", entre outros crimes, pela sua caótica gestão da pandemia, que deixa quase 620.000 mortos no país.

- Pedidos de impeachment -

Os pedidos de impeachment contra o presidente se multiplicaram.

Bolsonaro reage geralmente com irritação: "Caguei. Caguei para a CPI. Não vou responder nada", disse em julho de 2021, em resposta aos senadores que lhe pediam explicações.

As pesquisas apontam que o presidente seria derrotado por uma grande margem nas eleições presidenciais de outubro pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), que ainda não confirmou sua candidatura.

Seu confronto com a imprensa é constante e privilegia as conversas com seus simpatizantes na saída de sua residência oficial e o uso das redes sociais para se expor em coletivas de imprensa.

"Cala a boca!", disse a uma jornalista que perguntou por que estava sem máscara em um ato oficial; para outro, afirmou que tinha uma "cara de homossexual terrível" e chamou o poderoso grupo midiático Globo de "imprensa de merda".

Em julho de 2021, entrou para a lista de "predadores da liberdade de imprensa" da ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) pela sua "retórica suja e beligerante".

Durante seu governo, o desmatamento da Amazônia disparou, alimentado pelo enfraquecimento dos órgãos de controle e pela promoção de leis de abertura de áreas protegidas para atividades agropecuárias e de mineração.

Essas posturas provocaram crises diplomáticas com países europeus e complicaram o início de suas relações com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

- Apoio dos "lobbies" -

Bolsonaro foi deputado por 27 anos, mas foi eleito prometendo o fim da "velha política" de troca de favores, além de uma mão de ferro contra a corrupção e também a flexibilização do porte de armas em um país com altos índices de violência.

Esse discurso encontrou o terreno preparado depois da megaoperação anticorrupção Lava Jato e do desgaste dos governos de esquerda depois de 13 anos no poder.

Como parlamentar, justificou em várias ocasiões a tortura durante a ditadura militar (1964-1985) e já presidente insinuou que poderia recorrer ao Exército para resolver crises institucionais.

Pouco tempo depois de assumir o poder, rompeu com o partido que lhe serviu de base eleitoral e tentou governar com o apoio dos poderosos "lobbies" do Congresso, especialmente dos representantes do agronegócio e das igrejas pentecostais, das quais uma delas é frequentada pela sua esposa Michelle.

Em sua condição de católico, alguns se surpreenderam com o fato de que seus cinco filhos (os três primeiros também políticos como ele) tenham sido fruto de três casamentos.

Nascido em 1955 em Campinas, perto de São Paulo, em uma família de origem italiana, Bolsonaro seguiu uma carreira militar marcada por episódios de insubordinação.

Aprendeu a "garimpar" com seu pai Percy Geraldo Bolsonaro.

Passou a maior parte de sua carreira política no Rio, onde foi eleito vereador em 1988 e deputado federal três anos depois.

Em 2014, provocou um escândalo ao enfrentar violentamente a deputada Maria do Rosário, dizendo a ela que "não merecia" ser estuprada por ser "muito feia".

Em uma entrevista à revista Playboy em 2011, disse que preferia ter um filho "morto em um acidente" do que um filho homossexual.


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