Jornal Estado de Minas

PARIS

Países aliviam isolamento para evitar paralisia pela ômicron

Diante do avanço da variante ômicron do coronavírus, que acelerou os contágios, cada vez mais governos em todo o mundo estão flexibilizando as regras de isolamento para os contagiados e seus contatos para evitar a paralisia econômica.



O alto grau de contágio da ômicron e as consequentes licenças de trabalho e quarentenas têm afetado duramente as sociedades, ainda que a aceleração das infecções não seja acompanhada, por enquanto, pelo aumento da mortalidade.

A Europa, atual epicentro da pandemia, enfrenta níveis sem precedentes de infecções: mais de 4,9 milhões de casos registrados nos últimos sete dias, 59% a mais que na semana anterior, de acordo com uma contagem da AFP no sábado.

Na América Latina, o Equador anunciou no sábado que encerrou o último mês de 2021 com 24.287 infecções, mais que o dobro das registradas em novembro (9.513) e o triplo das registradas em outubro (7.556).

Enquanto isso, a França, com mais de um milhão de casos detectados nos últimos sete dias, anunciou neste domingo um relaxamento das regras de isolamento para pessoas infectadas e seus contatos como forma de preservar a vida socioeconômica do país.

Pelas regras que entram em vigor na segunda-feira, as pessoas que testarem positivo e estiverem com o esquema vacinal completo terão que se isolar por sete dias em vez de dez, e podem reduzir o período a cinco dias se apresentarem resultado negativo em um teste subsequente.



Aqueles que estiveram em contato com essas pessoas não vão precisar entrar em quarentena se tiverem o esquema de vacinação completo.

A mudança da regra deve garantir "o controle das infecções enquanto se preserva a vida socioeconômica", explicou o ministério da Saúde francês em um comunicado.

- "Conviver com o vírus" -

No Reino Unido, com infecções recordes, o secretário de Saúde Sajid Javid disse que não haverá novas restrições, exceto como "um último recurso absoluto".

Pouco antes do Natal, o governo britânico havia reduzido de dez para sete os dias de isolamento para pessoas vacinadas que contraíram o coronavírus.

"Limitar nossa liberdade deve ser o último recurso absoluto e os britânicos esperam que façamos tudo o que pudermos para evitá-lo", escreveu Javid em um artigo no Daily Mail.

Ele acrescentou que "estou determinado a dar a nós mesmos a melhor oportunidade de conviver com o vírus".



O ministério da Saúde britânico é responsável pela política de saúde na Inglaterra, não no restante do Reino Unido, que adotou novas medidas restritivas contra a variante ômicron.

Por sua vez, a autoridade sanitária suíça decidiu na sexta-feira que os cantões podem reduzir a quarentena para pessoas que tiveram contato com alguém infectado de dez para sete dias.

O medo da desestabilização econômica levou a Espanha a decidir na última quarta-feira reduzir o isolamento das pessoas infectadas com a covid-19 para sete dias, em vez de dez, para equilibrar a saúde pública e o crescimento econômico, segundo o presidente do governo, Pedro Sanchez.

No mesmo dia, a Argentina tomou uma decisão semelhante para tentar minimizar o impacto econômico de um surto recorde de infecções. Portugal fez isso na sexta-feira.

A Holanda, ao contrário, decidiu endurecer as restrições com um novo confinamento uma semana antes do Natal. Neste domingo, milhares de pessoas protestaram em Amsterdã contra as medidas e houve vários feridos leves durante confrontos, segundo a emissora de TV pública NOS.



Os contágios também afetaram o mundo esportivo, que na Inglaterra levaram ao adiamento de vários jogos da Premier League.

Neste domingo, o PSG informou que seu astro argentino, Lionel Messi, tinha testado positivo na véspera da partida eliminatória pela final da Copa da França contra o Vannes.

O ex-jogador brasileiro Ronaldo Fenômeno também testou positivo, o que o obrigou a cancelar sua participação nas comemorações dos 101 anos de sua primeira equipe, o Cruzeiro, informou o clube neste domingo.

- Otimismo -

A África do Sul considera já ter superado o pico da onda ômicron e suspendeu o toque de recolher noturno em vigor há 21 meses em 31 de dezembro.

"Procuramos um equilíbrio entre a vida das pessoas, o seu sustento e o objetivo de salvar vidas", explicou o ministro da Presidência, Mondli Gungubele.

Para Anthony Fauci, assessor da Casa Branca no combate à pandemia, a experiência da África do Sul traz esperança.



Os Estados Unidos registram "um aumento quase vertical" dos casos de covid-19, disse Fauci à rede ABC neste domingo.

No entanto, o assessor da Casa Branca lembrou que a experiência sul-africana, que alcançou rapidamente o pico para depois diminuir com a mesma rapidez, trazia esperança.

Os Estados Unidos registraram mais de 440.000 novos casos de covid-19 na sexta-feira, e assim como outros países do mundo, tenta encontrar um equilíbrio para proteger a saúde pública sem afetar os serviços essenciais.

Neste domingo, dia de retorno das festas de fim de ano, mais de 2.000 voos foram cancelados no país devido à falta de pessoal.

Para limitar ausências e evitar este tipo de situação, a duração das quarentenas recomendadas foi reduzida de dez para cinco dias para pessoas que contraíram covid-19, desde que não apresentem sintomas.

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