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James Webb: quem foi o homenageado pela Nasa no maior telescópio espacial da história

Agência espacial americana o descreve como funcionário do governo dos EUA que 'mais fez pela ciência'; entretanto, grupo de astrônomos chegou a pedir que homenagem fosse cancelada; entenda.


26/12/2021 11:12 - atualizado 26/12/2021 12:49

James E. Webb mostra modelos de foguetes ao presidente Harry S. Truman durante visita à recém-inaugurada sede da Nasa
James E. Webb mostra modelos de foguetes ao presidente Harry S. Truman durante visita à recém-inaugurada sede da Nasa (foto: Getty Images)

A Nasa, a agência espacial americana, descreve James Webb como alguém que "fez mais pela ciência do que qualquer outro funcionário" do governo dos Estados Unidos.

Muitos astrônomos o consideram um dos melhores diretores que a agência espacial já teve, pois sob sua direção conquistou-se um dos projetos mais impressionantes da história: o pouso do homem na Lua.

Para a indústria aeroespacial americana, James Webb revolucionou o setor de tal forma que a Nasa resolveu batizar com seu nome o maior telescópio espacial da história.


Depois de seu lançamento ter sido adiado várias vezes, o telescópio finalmente iniciou sua missão neste sábado (25/12) para procurar as primeiras estrelas que iluminaram o cosmos.

A nave custou US$ 10 bilhões (R$ 57 bilhões) e levou três décadas para ser construída. Era originalmente conhecida como o Telescópio Espacial da Próxima Geração, até que em 2002 recebeu o nome de James Webb.

Entretanto, depois dessa decisão, alguns cientistas se manifestaram pedindo que o telescópio deixasse de receber o nome de Webb, por acusações de que ele teria contribuído para políticas homofóbicas do governo americano.

Afinal, quem foi este homem?

Longa carreira no serviço público


Retrato de James Webb sorrindo de perfil
James Webb teve longa carreira no serviço público americano (foto: Getty Images)

Nascido em 1906 em uma pequena cidade no Estado da Carolina do Norte, Webb graduou-se em letras. Depois, ingressou nas Forças Armadas, tornando-se segundo-tenente do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA, onde mais tarde serviu como piloto, enquanto também cursava direito.

Em 1932, Webb começou então sua longa carreira no serviço público americano, como secretário de um membro da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos (equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil).

Durante a Segunda Guerra Mundial, ele voltou ao Corpo de Fuzileiros Navais, onde chefiou uma unidade de comando e controle da aviação.

No fim da guerra, ele voltou a Washington e trabalhou no Escritório de Administração e Orçamento, antes de servir como subsecretário no Departamento de Estado de 1949 a 1952, no governo de Harry S. Truman.

Posto mais importante da Nasa

Mas o auge de sua carreira viria quase 10 anos depois, quando o presidente John F. Kennedy colocou Webb na posição mais importante da agência espacial dos EUA, em fevereiro de 1961: administrador da Nasa, em meio à corrida espacial com os russos.

Webb permaneceu no cargo por quase toda a década de 60, à frente do programa Apollo, que concretizou o sonho da viagem do homem à Lua.

"Muitos acreditam que James E. Webb... fez mais pela ciência do que qualquer outro funcionário do governo e que é lógico que o Telescópio Espacial da Próxima Geração tenha seu nome", diz o site da Nasa.

Uma das promessas de Kennedy era levar o homem à Lua antes do final dos anos 1960, mas Webb achava que o programa espacial era mais importante do que uma carreira política, segundo a agência espacial.

Webb também defendia que a Nasa encontrasse um equilíbrio entre a realização de voos espaciais tripulados e a atividade científica, pois isso fortaleceria o ensino universitário e a indústria aeroespacial americana.


Foto em preto e branco mostra Kennedy e Webb conversando
John Kennedy e James E. Webb na Casa Branca (foto: Getty Images)

O site da Nasa diz que, enquanto Webb estava no comando da agência, investiu no desenvolvimento de espaçonaves robóticas, que exploraram o ambiente lunar antes da chegada dos astronautas, e enviou sondas para planetas como Marte e Vênus.

Quando Webb se aposentou em julho de 1969, a Nasa havia lançado mais de 75 missões espaciais para estudar estrelas, como o Sol, e a atmosfera da Terra.

Ao anunciar o novo nome do telescópio espacial lançado no sábado (25/12), o ex-diretor da Nasa Sean O'Keefe havia dito em 2002 que era "apropriado" homenagear o trabalho de James Webb.

"Ele lançou as bases para a Nasa liderar um dos períodos de maior sucesso de descobertas astronômicas", disse ele. "Com isso, estamos reescrevendo os livros didáticos hoje com a ajuda do telescópio espacial Hubble, do observatório de raios-X Chandra e do telescópio James Webb."

Acusações

Mas além das conquistas no setor aeroespacial, Webb carrega também em sua biografia acusações de ter contribuído para a discriminação de pessoas LGBTQIA+.

Em março de 2021, em uma coluna publicada pela revista científica Scientific American, um grupo de astrônomos pediu a mudança do nome do telescópio espacial.

"Honra-se (com a homenagem) um homem que aceitou as políticas homofóbicas do governo nas décadas de 1950 e 1960", escreveram os autores do texto, referindo-se ao papel de Webb como subsecretário do Departamento de Estado e como diretor da NASA.

Para esses cientistas, o legado de Webb seria a "antítese do sonho e da sensação que liberdade" que inspiram a exploração profunda do tempo e espaço.

"É lamentável, portanto, que o plano atual da Nasa seja lançar ao espaço esse incrível instrumento que leva o nome de um homem cujo legado é, na melhor das hipóteses, complicado e, na pior das hipóteses, reflete cumplicidade na discriminação homofóbica no governo federal", defenderam os autores.

Depois de uma investigação, a agência espacial disse não ter encontrado nenhuma evidência que justificasse a reversão da homenagem a James Webb.

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