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Estado de Minas LIMA

Fantasma do pedido de impeachment acompanhará o presidente do Peru em 2022


22/12/2021 16:50

As perspectivas não são muito animadoras em 2022 para o presidente do Peru, o esquerdista Pedro Castillo, que acaba de ser salvo de um impeachment e está sob o escrutínio do Ministério Público em três casos de suposto tráfico de influências.

Além das perspectivas de queda da economia, no ano que vem pode surgir no Congresso uma nova tentativa da oposição de direita para destituir o presidente caso ele não amplie suas alianças, mude alguns ministros e corrija algumas iniciativas, alertam analistas.

O panorama de Castillo evoca a sorte dos ex-presidentes Pedro Pablo Kuczynski e Martín Vizcarra, que sobreviveram a um primeiro pedido de impeachment, mas não a um segundo, em 2018 e 2020, respectivamente.

"Creio que haverá uma nova tentativa de vacância contra Pedro Castillo, porque esse é o mecanismo no Peru. Uma vez que se começa, se insiste em uma meta", disse à AFP o analista político e economista Augusto Álvarez Rodrich.

"Enquanto persistir a polarização e o confronto entre os governistas e a oposição, a última continuará a tentar desestabilizar o Executivo, aproveitando qualquer erro ou omissão, o que não é incomum dado o amadorismo e radicalismo do governo", afirmou à AFP o cientista político Carlos Meléndez, da consultoria 50+1.

Desde a saída de Kuczynski, que renunciou em março de 2018 antes que uma segunda moção de "vacância" fosse votada, o Peru enfrenta quase permanentemente a possibilidade de uma saída abrupta de seu presidente.

Os choques de poder levaram o país até a ter três presidentes em cinco dias, em novembro de 2020. Para evitar desfecho semelhante, é urgente diminuir a tensão que marca o ritmo político no Peru e alarma alguns na comunidade internacional.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos alertou em 10 de dezembro sobre sua preocupação com o desvirtuamento "por falta de definição objetiva da figura da vacância presidencial por incapacidade moral permanente e seu impacto na institucionalidade democrática do Peru".

O presidente do México, Andrés López Obrador, denunciou em 16 de dezembro que havia no Peru "uma espécie de preparação para uma derrubada" lançada pelo conservadorismo.

Castillo, um professor rural de 52 anos que venceu em junho uma votação apertada contra a direitista Keiko Fujimori, cumpre há 150 dias um mandato perseguido pela oposição e pelas disputas no partido no poder, o que catalisou a saída de uma dezena de ministros.

- Melhorar o governo -

"A forma como Castillo pode evitar o impeachment é fazendo algo que não faz: construir um bom governo e um bom gabinete porque precisa de mudanças na gestão pública", considera Álvarez Rodrich, mas o problema, acrescenta, é que ninguém coopera porque acham que o governo cai no curto prazo.

Um caminho é uma virada brusca em direção ao centro, uma alternativa que parece complicada dado o risco de uma divisão maior na esquerda.

"A possibilidade de uma moção de vacância seria remota se o governo fortalecesse uma proteção legislativa por meio de uma aliança parlamentar com forças de ideias semelhantes e de centro", estima Meléndez.

- Promotores à espreita -

Castillo está no meio de três escândalos, de suposta ingerência em promoções militares e na concessão de contratos públicos, que o enfraquecem diante de seus detratores.

Em 28 de dezembro, ele testemunhará perante a procuradora-geral da República, Zoraida Ávalos, sobre o assunto militar. O ministro da Defesa, Walter Ayala, e o secretário da Presidência, Bruno Pacheco, renunciaram devido a este caso.

Uma parte da oposição tentou promover, sem sucesso, um julgamento político com a intenção de destituir Castillo por essa questão. No entanto, as novas denúncias atiçam a fogueira da próxima crise.

Os promotores também investigam a concessão de um contrato entre a empresa Heaven Petroleum Operators e a estatal PetroPerú.

A Procuradoria-Geral denunciou o presidente pela suposta prática dos crimes de patrocínio ilegal e tráfico de influências na adjudicação de uma obra rodoviária na selva.

"Rejeito enfaticamente a participação em atos irregulares", tuitou Castillo na terça-feira.

Sua desaprovação passou de 46% em setembro para 58% em dezembro, seu nível mais alto em cinco meses de mandato.


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