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Estado de Minas CARTUM

Polícia usa gás lacrimogêneo e fere manifestantes no aniversário da revolução no Sudão


19/12/2021 21:25 - atualizado 19/12/2021 21:31

A polícia sudanesa lançou gás lacrimogêneo e feriu vários manifestantes nesse domingo em Cartum durante um protesto contra o exército no poder no Sudão, no terceiro aniversário da revolução que derrubou o ex-ditador Omar al Bashir.

As forças de segurança lançaram gás lacrimogêneo e atiraram com balas reais para tentar dispersar os manifestantes próximo do palácio presidencial em Cartum, a capital do país, deixando vários feridos, segundo testemunhas disseram à AFP.

"O povo quer a queda de Burhan", gritavam os manifestantes, referindo-se ao general Abdel Fattah al Burhan, que liderou o golpe em 25 de outubro.

Nesse dia, o general, líder do exército, deteve a maioria dos civis que dirigiam o país com ele.

Os protestos desse domingo acontecem três anos após o início da "revolução" no Sudão que derrubou Omar al Bashir, após 30 anos de ditadura.

Depois do golpe de outubro e da repressão que já deixou 45 mortos e centenas de feridos, os promotores da revolta anti-Bashir agora querem reativar um movimento que vem perdendo força em um contexto de grave crise econômica.

Durante a noite, os manifestantes declararam que vão realizar uma manifestação pacífica, se sentando no chão, como a que acabou derrubando o ex-ditador.

Em 19 de dezembro de 2018, no marasmo econômico em que o Sudão de Bashir estava mergulhado, sob embargo internacional, centenas de milhares de sudaneses se manifestaram e forçaram o exército a liberar o ditador quatro meses depois.

Se os sudaneses escolheram esse dia, foi porque em 1955, na mesma data, o Parlamento proclamou a independência do Reino Unido.

Neste domingo, os partidários de um poder civil convocaram protestos contra o exército, cujo responsável máximo, o general Burhan, restabeleceu o domínio dos militares.

Embora os líderes do golpe tenham detido por semanas o primeiro-ministro civil, Abdalla Hamdok, em 21 de novembro o exército o devolveu ao cargo.

Hamdok, argumentando que não queria um banho de sangue, pediu no sábado que as marchas fossem canceladas.

"Atualmente estamos enfrentando um significativo retrocesso no desenvolvimento de nossa revolução que ameaça nossa segurança, a unidade e a estabilidade do país, e corre o risco de conduzir o Estado a um abismo que nos deixará sem pátria nem revolução", afirmou ele.

- "Controle total" do exército -

A polícia de choque foi mobilizada nas ruas mais importantes de Cartum e as autoridades fecharam as principais pontes que unem a capital com os subúrbios do oeste e norte.

Todas as estradas que cercam a sede geral do exército, no centro da cidade, foram fechadas com grades e blocos de concreto, segundo um jornalistas da AFP.

"O golpe de Estado fechou o caminho para a transição democrática: com ele, os militares tomaram o controle total da vida política e econômica", disse à AFP Ashraf Abdelaziz, dono do jornal independente Al Jarida.

Após o golpe de Estado e a consequente suspensão da ajuda internacional, "a máquina de segurança ganhou as instituições política. Mas, para fazer uma transição democrática, é necessário que a política seja o motor", diz Abdelaziz.

Os militares renomearam Hamdok e prometeram eleições livres em julho de 2023, mas continuam sem formar um governo. Contra eles, os partidários de um poder civil, que acusaram Hamdok de "traição", não conseguem se unir e superar a divisões.


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