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Estado de Minas GENEBRA

ONU anuncia investigação internacional sobre abusos na Etiópia


17/12/2021 12:56 - atualizado 17/12/2021 13:01

Composto de 47 Estados, o Conselho de Direitos Humanos da ONU decidiu, nesta sexta-feira (17), criar uma comissão internacional de especialistas para investigar e reunir provas sobre os abusos cometidos no contexto do conflito na Etiópia.

Proposta pela União Europeia, uma resolução nesse sentido foi aprovada em sessão especial com 21 votos a favor, 15 contra (incluindo a China e muitos países africanos) e 11 abstenções.

O embaixador da Etiópia na ONU em Genebra, Zenebe Kebede, chamou de "infundadas" as acusações contra seu país, garantindo que a decisão adotada "agravará a situação no terreno".

Mais cedo, durante esta reunião extraordinária, a ONU havia advertido que, em meio às contínuas violações dos direitos humanos por parte dos envolvidos no conflito na Etiópia, o país corre o risco de se afundar em uma "violência generalizada" com grandes consequências para a região.

O diplomata etíope reagiu imediatamente a essa declaração, durante os debates, e acusou o Conselho de Direitos Humanos de "neocolonialismo".

"O multilateralismo é, mais uma vez, tomado como refém por uma mentalidade neocolonialista. A Etiópia é tomada como alvo, com o dedo do Conselho de Direitos Humanos apontado para ela, por ter defendido um governo eleito de maneira democrática, a paz e o futuro de seu povo", declarou o embaixador Kebede.

Para a vice-alta comissária para os Direitos Humanos, Nada Al Nashif, "o risco de aumento dos níveis de ódio, violência e discriminação é muito elevado e pode levar a uma violência generalizada".

Segundo ela, "isso pode ter grandes consequências não apenas para milhões de pessoas na Etiópia, mas também em toda região".

Al Nashif denunciou que a ONU continua recebendo "relatórios confiáveis de violações graves dos direitos humanos cometidas por todas as partes" envolvidas nos combates.

O conflito no norte da Etiópia começou em novembro de 2020, depois que seu primeiro-ministro, Abiy Ahmed, enviou tropas do Exército para expulsar os rebeldes da Frente de Libertação do Povo do Tigré (TPLF, na sigla em inglês). A medida teria sido tomada em represália aos ataques, por parte deste grupo, às bases militares.

Em junho deste ano, os rebeldes recapturaram a maior parte do Tigré e avançaram para as regiões vizinhas de Afar e Amhara.

Em 25 de novembro, o primeiro-ministro anunciou que estava liderando uma contraofensiva e que várias cidades haviam sido recuperadas.

- Mecanismo 'urgente e necessário'

O conflito deixou vários milhares de mortos, mais de dois milhões de deslocados e colocou centenas de milhares de etíopes em risco de fome aguda, segundo a ONU.

Nesta reunião em Genebra solicitada pela União Europeia (UE) com o apoio de dezenas de países, incluindo os Estados Unidos, os 47 membros do Conselho estudam a proposta de nomear investigadores que vão apurar as possíveis violações dos direitos humanos no âmbito desta guerra.

"A gravidade e a amplitude das violações e das atrocidades cometidas contra civis por todas as partes são inaceitáveis. (...) A criação de um mecanismo de investigação internacional independente é urgente e necessária", afirmou a embaixadora eslovena no órgão, Anita Pipan, em nome da UE.

Pela voz do representante dos Camarões, o embaixador Salomon Eheth, os países africanos deram, por sua vez, seu apoio à Etiópia, alegando que um mecanismo de investigação dessa natureza "é contraproducente e suscetível de exacerbar as tensões".

Na quinta-feira (16), as ONGs Anistia Internacional e Human Rights Watch (HRW) alertaram sobre novas violências étnicas ligadas ao conflito na Etiópia. De acordo com ambas as organizações, combatentes da região de Amhara, aliados do Exército federal, detêm e matam civis do Tigré.

Nos últimos dois meses, as duas ONGs de defesa dos direitos humanos relataram casos de detenção, tortura e situações de fome forçada de civis, incluindo adolescentes e idosos, no oeste do Tigré.


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