Jornal Estado de Minas

BRASÍLIA

Pastor evangélico aliado de Bolsonaro assume como ministro do STF

André Mendonça, pastor presbiteriano e ex-ministro da Justiça, prestou juramento nesta quinta-feira (16) como ministro do Supremo Tribunal Federal, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro, que havia prometido um magistrado "terrivelmente evangélico".



"Prometo bem fielmente cumprir os deveres do cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)", disse Mendonça durante breve cerimônia em Brasília, da qual Bolsonaro participou após apresentar PCR negativo por recusar a vacina contra a covid-19.

O pastor de 48 anos integra o governo de Bolsonaro desde que assumiu o poder em janeiro de 2019 com o apoio fundamental dos evangélicos, setor que representa 31% da população, segundo levantamento recente.

Além de ministro da Justiça, foi procurador-geral da União (representando os interesses do Estado) até agosto.

Sua indicação é apoiada por setores conservadores, uma vez que o STF julga questões delicadas como direitos das minorias, aborto, drogas ou acesso a armas.

No entanto, Mendonça afirmou que "não há espaço" para manifestações religiosas nas sessões judiciais e garantiu que irá defender o direito constitucional do casamento civil de pessoas do mesmo sexo.

É o segundo ministro nomeado por Bolsonaro para o STF depois de Kassio Nunes Marques em 2020.



Após sua aprovação no Senado, vazaram vídeos nos quais Mendonça comemorava o encontro com sua família e a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, fervorosa evangélica que também esteve presente na cerimônia desta quinta-feira.

"André Mendonça no STF é uma vitoria pessoal do presidente, ele colocou tudo aquilo que construiu de capital político para apoiar a indicação de Mendonça", afirmou à AFP o analista político Creomar de Souza.

Seu juramento "tem um impacto" sobre os evangélicos, cujo apoio será fundamental para as aspirações do presidente de ser reeleito em outubro, acrescentou.

"Podem ter certeza, não vou pedir nada para ele", afirmou Bolsonaro, acrescentando: "não vamos ter sobressaltos com ele lá".

De Souza recorda que "o ministro Nunes (...), principalmente em votações estratégicas para o governo, mesmo sabendo que seria derrotado, ele marcou uma posição muito próxima ao presidente da República. Agora é saber se esse comportamento será feito do mesmo modo pelo André Mendonça".

Desde o início da pandemia, alguns ministros do STF têm sido fundamentais na implementação de medidas preventivas às quais Bolsonaro se opõe, como aconteceu recentemente com a exigência do certificado de vacinação para entrar no país devido ao surgimento da variante ômicron.

Bolsonaro faz questão de lembrar que quem for eleito em 2022 nomeará dois magistrados para o Supremo Tribunal Federal em 2023. "Vamos supor que eu venha a ser candidato, eu vou ter 40% a meu favor dentro do Supremo", disse.



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