"Com discursos pré-gravados dos convidados e uma agenda totalmente manipulada", a cúpula virtual de dois dias, que terminou na sexta-feira, "foi um exercício demagógico, com benefício zero para a comunidade internacional e sem nenhuma proposta para resolver os problemas mais urgentes do mundo", apontou a chancelaria cubana em nota publicada em seu site.
"Como artifício político, (a cúpula) só serviu para mostrar o crescente isolamento, alienação e perda de influência da nação mais poderosa do planeta (os Estados Unidos)", cujo governo "perdeu a oportunidade de convocar um encontro inclusivo" e "promotor de cooperação".
A cúpula, que reuniu representantes de cerca de 100 governos, recebeu fortes críticas da China e da Rússia, países não convidados, além de oito nações latino-americanas, entre elas Cuba, Nicarágua, Bolívia e Venezuela, que integram a Aliança dos Povos da Nossa América (ALBA), bloco fundado por Fidel Castro e Hugo Chávez em 2004, e que celebrará na terça-feira sua vigésima cúpula, em Havana.
"Na terça-feira estaremos recebendo nossos irmãos da ALBA no Palácio da Revolução. Com o legado intacto de Fidel e Chávez, renovaremos nosso compromisso com a unidade e integração, muito mais neste difícil momento de pandemia. #ALBAUnida", o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, tuitou nesta segunda-feira.
Em seu comunicado, a chancelaria destacou que "o único resultado aparente" da cúpula convocada por Biden foi seu "compromisso de destinar 400 milhões de dólares à subversão política de Estados soberanos em franca violação do direito internacional".
"Como Cuba vem alertando, o governo americano conduz uma campanha perigosa, que visa a criar um cisma internacional, dividir o planeta e punir os países que defendem projetos progressistas ou não aceitam os modelos impostos pelos Estados Unidos", apontou a chancelaria.
Na cúpula, Biden prometeu 424 milhões de dólares para apoiar a liberdade de imprensa, eleições limpas e campanhas anticorrupção.
A este respeito, o secretário executivo da ALBA, Sacha Llorenti, confirmou nesta segunda-feira em Havana que o bloco vai analisar na terça-feira a criação de um observatório que irá reparar relatórios periódicos sobre "para onde vai esse dinheiro, quem o recebe" e "para que fins".
Da mesma forma, esses relatórios abordarão "como as medidas coercitivas unilaterais são aplicadas nos países da Aliança, como as chamadas organizações não-governamentais são usadas para afetar a soberania dos países", acrescentou Llorenti em entrevista coletiva.
A chancelaria informou sobre a chegada de algumas delegações dos dez países latino-americanos e caribenhos que integram a ALBA à capital cubana na noite de domingo.
HAVANA