Jornal Estado de Minas

LIVERPOOL

G7 lança advertências a Irã e Rússia

O Irã tem uma "última chance" de negociar seriamente para salvar o acordo nuclear, garantiu neste domingo (12) a ministra de Relações Exteriores do Reino Unido, Liz Truss, ao final de uma reunião do G7 na qual também foram feitas advertências à Rússia contra uma invasão eventual da Ucrânia.



"Esta é a última chance para que o Irã compareça à mesa de negociações com uma solução séria para este problema", disse a ministra, cujo país preside atualmente o grupo das sete economias mais industrializadas do mundo.

"Ainda há tempo para que o Irã venha e aceite este acordo", mas "esta é a última chance", insistiu Truss, ressaltando que Teerã deve vir "com uma proposta séria".

"É vital que o façam" porque "não deixaremos que o Irã consiga uma arma nuclear", afirmou a ministra britânica em uma coletiva de imprensa em Liverpool, no norte da Inglaterra.

As negociações indiretas entre Irã e Estados Unidos, através da mediação dos europeus, foram retomadas em novembro em Viena, na Áustria, para tentar ressuscitar o acordo de 2015 que supostamente evitava que a República Islâmica conseguisse desenvolver uma bomba atômica.

Os americanos saíram do acordo em 2018, durante o mandato de Donald Trump, que restabeleceu as sanções contra Teerã. Em resposta, a República Islâmica passou a não cumprir as restrições impostas sobre seu programa nuclear.

- 'Enormes consequências' para a Rússia -

O atual presidente dos EUA, Joe Biden, diz estar disposto a retornar ao acordo se o Irã também voltar a cumprir seus compromissos, mas as negociações, que começaram em abril e acabam de ser retomadas após um hiato de cinco meses, parecem estar estagnadas.



A diplomacia americana suspeita que o Irã quer ganhar tempo para desenvolver paralelamente o seu programa nuclear, o que deixa o país cada vez mais perto de adquirir a bomba atômica.

Washington advertiu nos últimos dias que não permitiria que o Irã adotasse essa atitude e confirmou que estava preparando um plano B ainda impreciso.

Além da questão iraniana, Liz Truss assinalou que os ministros das Relações Exteriores do G7 também mostraram uma frente unida contra a Rússia, país que o Ocidente acusa, há várias semanas, de preparar uma possível invasão da Ucrânia, apesar dos desmentidos de Moscou.

Segundo a ministra britânica, a reunião de Liverpool mostrou "a voz uníssona dos países do G7, que representam 50% do PIB mundial, dizendo claramente que haverá enormes consequências para a Rússia em caso de incursão na Ucrânia".

Em uma declaração conjunta, os ministros das Relações Exteriores da Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido, assim como o alto representante da União Europeia, pedem à Rússia uma "desescalada" e que busque "soluções diplomáticas".



"Estamos unidos em nossa condenação à intensificação militar e a retórica agressiva da Rússia com a Ucrânia", escreveram, reafirmando seu "compromisso inabalável com a soberania e a integridade territorial da Ucrânia".

A ameaça de sanções sem precedentes foi formulada nos últimos dias por Washington, inclusive pelo próprio presidente Joe Biden, que se reuniu com o chefe de Estado russo Vladimir Putin.

Um funcionário americano presente em Liverpool havia garantido no sábado (11) que ainda era possível resolver esta nova crise ucraniana "através da diplomacia".

Para isso, o governo americano anunciou que enviaria sua secretária de Estado adjunta para Assuntos Europeus e Eurasiáticos, Karen Donfried, a Ucrânia e Rússia esta semana para buscar "avanços diplomáticos para pôr fim ao conflito em Donbass", no leste da Ucrânia, "aplicando os acordos de Minsk".

Esses acordos, alcançados em 2015 para acabar com a guerra que explodiu um ano antes nessa região ucraniana entre as forças governamentais e os separatistas pró-Rússia, nunca foram respeitados.

O papa Francisco declarou neste domingo que estava fazendo orações pela "querida Ucrânia", esperando "uma solução para as tensões através de um diálogo internacional sério e não pelas armas".

A nova ministra alemã de Relações Exteriores, Annalena Baerbock, alertou por sua vez neste domingo que o gasoduto russo-alemão Nord Stream 2 não poderia operar em caso de uma nova "escalada" na Ucrânia, segundo um acordo entre Berlim e Washington.

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