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Estado de Minas PARIS

França impulsionará definição de 'soberania militar' da UE em presidência 'pro tempore'


09/12/2021 17:51 - atualizado 09/12/2021 17:55

O presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou nesta quinta-feira (9) que impulsionará a definição de "soberania estratégica" da União Europeia (UE) na Defesa durante a presidência temporária do bloco entre janeiro e junho do ano que vem.

"Devemos passar de uma Europa da cooperação dentro das nossas fronteiras para uma Europa poderosa no mundo, plenamente soberana, livre para tomar suas próprias decisões e dona do seu destino", disse sobre o objetivo da presidência.

Em entrevista coletiva, o chefe de Estado francês detalhou quais áreas vai priorizar para alcançar esse objetivo, que vão da Defesa até a revisão das regras tributárias, passando pela política comercial.

As propostas incluem promover a definição de "soberania estratégica" na defesa, construir uma nova relação econômica com a África, "repensar" as regras fiscais da zona do euro ou completar um imposto sobre as multinacionais.

Sobre a Defesa, Macron, que advoga há anos por uma "autonomia estratégica" da Europa para reduzir a dependência militar dos Estados Unidos, mas sem romper com a Otan, impulsionará a definição dessa "soberania estratégica".

"Nós, europeus, membros da Otan ou não (...), temos ameaças comuns e objetivos comuns", afirmou o presidente, mencionando a ideia de manobras conjuntas ou novos cenários, como o espaço e o mundo cibernético.

Embora o papel do país que detém a presidência 'pro tempore' seja o de fazer acordos entre países e instituições, a França colocou seus interesses nacionais em pauta.

Assim, em um contexto de crises diplomáticas sobre a migração, seja na fronteira do bloco com Belarus, com o Reino Unido ou no Mediterrâneo, a presidência francesa da UE impulsionará uma reforma do espaço de livre circulação Schengen.

Macron defendeu criar uma instância de vigilância política, como já existe para a zona do euro com as reuniões mensais dos ministros das Finanças, e impulsionar um mecanismo para ajudar os países fronteiriços em crise.

A UE, um ator comercial em nível mundial e que busca se tornar uma referência no combate às mudanças climáticas, propôs nos últimos meses unir esses dois âmbitos em suas políticas, o que Macron busca promover no primeiro semestre.

O presidente francês indicou que vai implementar um instrumento da UE contra o "desmatamento importado" para impedir a entrada no bloco de produtos cultivados em áreas desmatadas.

Soja, carne bovina ou café são algumas das importações citadas por Macron, um detrator do acordo negociado entre a UE e os países do Mercosul e que também busca "o início" de um imposto sobre o carbono nas fronteiras.

Outro dos objetivos será "o lançamento de um mecanismo de ajuste de carbono nas fronteiras, essa famosa taxa de carbono" e promover "cláusulas espelho" para que os parceiros comerciais respeitem as normas ambientais europeias.

A presidência francesa da UE também analisará as lições das consequências humanas e econômicas da pandemia de coronavírus. Neste sentido, Macron defendeu "repensar as regras tributárias" europeias.

"Perante todas estas crises que atingem a Europa, muitos são os que gostariam de se confiar apenas à nação. Estas nações são a nossa força, o nosso orgulho, mas a unidade europeia é o seu complemento indispensável", acrescentou.

- Contra o "revisionismo" -

Essa presidência semestral, a 13ª francesa desde os anos 1950 e a primeira desde 2008, chega em um momento-chave para a UE e, principalmente, para suas duas primeiras economias, França e Alemanha, consideradas o motor do bloco.

Na Alemanha, o social-democrata Olaf Scholz assumiu o poder na quarta-feira, após 16 anos da conservadora Angela Merkel, considerada a líder de fato do bloco e às vezes criticada por conter o impulso pró-europeu de Macron.

"Do primeiro ao último dia, eles poderão contar com o apoio da Alemanha (...) para trabalhar juntos por uma Europa forte e soberana", disse a nova chefe da diplomacia alemã, Annalena Baerbock, em sua primeira visita à Paris.

E, na França, Macron enfrenta uma eleição presidencial em abril. Embora a maioria das pesquisas dê a ele a vitória contra candidatos de direita e de extrema direita, estes não param de criticar a UE e até mesmo a justiça europeia.

"Estamos vivendo um momento político na Europa em que o revisionismo está instalado em vários países e é usado por potências que querem questionar nossos valores, nossa história", disse Macron.

O presidente francês completará a visita aos demais países da UE em Budapeste na segunda-feira, onde discutirá com os dirigentes do Grupo de Visegrado - Hungria, Polônia, Eslováquia e República Tcheca - suas prioridades europeias.


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