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Estado de Minas ATENAS

Papa denuncia em Atenas uma Europa 'dilacerada por egoísmos nacionalistas'


04/12/2021 16:09 - atualizado 04/12/2021 16:13

O papa Francisco destacou, neste sábado (4), no primeiro dia de sua visita a Atenas, a responsabilidade da Europa na crise migratória e lamentou que ela seja "dilacerada por egoísmos nacionalistas".

O pontífice argentino de 84 anos, que chegou pela manhã ao aeroporto de Atenas, criticou o fato de "a Europa persistir em procrastinar" diante da chegada de migrantes "em vez de ser um motor de solidariedade".

Outra questão que Francisco quis abordar durante sua visita eram as relações com a Igreja Ortodoxa, separada da Católica desde o cisma de 1054 entre Roma e Constantinopla. O papa renovou assim o apelo de "perdão" dos católicos aos ortodoxos, 20 anos após o mesmo gesto simbólico de João Paulo II.

Antes de chegar a Atenas, Francisco passou dois dias em Chipre, onde criticou "o muro do ódio" erguido contra os migrantes e pediu a "abertura dos olhos" diante da "escravidão" e a "tortura" contra os viajantes ilegais.

Segundo as autoridades cipriotas, 50 migrantes, 10 deles em situação irregular, serão transferidos para Roma.

Para o papa, "a comunidade europeia, dilacerada pelo egoísmo nacionalista, às vezes parece bloqueada e descoordenada, em vez de ser um motor de solidariedade". Estas declarações foram ditas diante das autoridades políticas da Grécia, incluindo a presidente da República, Katerina Sakellaropoulou, o primeiro-ministro, Kyriakos Mitsotakis, bem como personalidades católicas e civis.

- "Retrocesso da democracia" -

Na mesma linha, durante sua visita, o pontífice argentino mencionou "o retrocesso da democracia, e não apenas no continente europeu". "A democracia exige a participação e o envolvimento de cada um", enquanto "o autoritarismo é expedito e as garantias fáceis oferecidas pelos populismos parecem tentadoras", continuou.

A sua viagem - a 35ª desde que foi eleito papa em 2013 - continua este domingo em Lesbos, emblema da crise migratória, onde irá "às fontes da humanidade" para defender o asilo e a "integração" dos refugiados. Francisco planeja visitar o campo de Mavrovouni, erguido às pressas após o incêndio de setembro de 2020 em Moria, visitado pelo papa há cinco anos.

Em Atenas, o pontífice disse que veio "matar a sede nas fontes da fraternidade" e reforçar os vínculos com os "irmãos de fé", os cristãos ortodoxos. Pela tarde, renovou o pedido de "perdão" dos católicos aos ortodoxos, referindo-se aos "erros" e à "vergonha" da Igreja.

Francisco se apresentou "com muito respeito e humildade" e falou das "raízes comuns" de ambas as igrejas.

"Infelizmente, acabamos crescendo afastados: fomos contaminados por venenos mortais, a cizânia da suspeita aumentou a distância e deixamos de cultivar a comunhão", disse ao arcebispo da Igreja Ortodoxa da Grécia, Hieronym II, com quem trocou presentes.

- Indiferença -

Drones, veículos blindados e estradas cortadas: a capital grega conta com cerca de 2.000 agentes policiais até a partida do soberano pontífice no final da manhã de segunda-feira, em antecipação a possíveis manifestações hostis.

Mesmo que o clima seja melhor do que em 2001, durante a primeira visita de um papa à Grécia, há, dentro do sínodo grego, "alguns fanáticos anticatólicos famosos", comentou à AFP Pierre Salembier, superior da comunidade jesuíta na Grécia.

Apesar do esquema de segurança, quando o Papa chegou ao palácio arquiepiscopal, um padre ortodoxo gritou "Papa, você é um herege" na presença de jornalistas, antes de ser detido pela polícia.

A poucos metros de distância, aos pés da Catedral Ortodoxa da Anunciação, o ceticismo e a indiferença pareciam dominar o ambiente. Em sua loja cheia de ícones religiosos, Periclis se mostrou cauteloso.

"Não sabemos realmente o propósito desta visita", disse ele. "Talvez seja importante para os migrantes que estão na Grécia. Mas os ortodoxos não esperam nada de especial", acrescentou.

Por outro lado, o papa foi calorosamente recebido durante seu encontro com a comunidade católica, que representa apenas 1% da população do país.

Os fiéis agitaram dezenas de bandeiras da Grécia, Vaticano e Líbano. Em seu último discurso do dia, Francisco elogiou a "pequenez" da Igreja e alertou contra "a tentação do triunfalismo".


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