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Estado de Minas HAIA

Covid prejudica a confiança entre cidadãos e autoridades na Holanda


03/12/2021 11:41

Na Holanda, apesar de 85% dos adultos estarem vacinados contra a covid-19, o país vive um ressurgimento da pandemia e a população - que costuma respeitar as autoridades - desta vez não cumpre as recomendações sanitárias, alertam os especialistas.

Nos espaços públicos fechados, o uso de máscara é obrigatório, mas muitos não usam. O passe de saúde é verificado com pouca assiduidade em bares e restaurantes, e apesar de esses estabelecimentos deverem fechar às 17h desde o último final de semana, a medida nem sempre é respeitada.

As raízes desse problema são profundas. Na Holanda existe um contrato social que estabelece que a relação entre a autoridade e os cidadãos é baseada na confiança.

Em março de 2020, o primeiro-ministro Mark Rutte pediu um "confinamento inteligente", pedindo às pessoas que ficassem em casa, sem a intervenção das autoridades policiais.

E desde então, as forças de segurança raramente foram chamadas.

No domingo passado, agentes detiveram um casal (um espanhol e uma portuguesa) no aeroporto de Amsterdã que escapou de um hotel em quarentena.

Entre os outros hóspedes, havia pessoas infectadas com a nova variante da covid-19, ômicron.

"Não é assim que as coisas são feitas na Holanda. O governo não diz: 'você tem que fazer isso ou aquilo'", explicou Rutte no início da pandemia.

A gestão dos primeiros meses de crise foi bem-sucedida, com considerável liberdade e ampla margem de responsabilidade individual.

"As pessoas respeitavam as regras. Elas se uniram contra o vírus", lembra Mark Bonten, epidemiologista consultor do governo.

- "Aversão às regras" -

Mas depois de um levantamento muito rápido das restrições sanitárias e dois reconfinamentos parciais sucessivos, a frustração aumentou.

Nos últimos meses, as infecções dispararam. Atualmente, cerca de 20 mil positivos são registrados diariamente, um índice muito alto para um país de 17 milhões de habitantes.

Na semana passada, havia cerca de 900 infectados por 100.000 habitantes, tornando a Holanda o quarto país da Europa com a maior incidência, de acordo com estatísticas da AFP.

As unidades que tratam os casos de covid estão saturadas. E o anúncio de novas restrições em novembro gerou até violência nas ruas.

A boa vontade dos holandeses foi "corroída", observa Bonten.

O epidemiologista da Universidade de Leiden, Frits Rosendaal, observa um contraste com os países mediterrâneos.

No início, esses países foram mais atingidos pela pandemia, mas nessas regiões as medidas de prevenção são mais respeitadas.

Na Itália, Espanha, França ou Portugal, as autoridades públicas punem as pessoas que desobedecem com multas.

"Há uma aversão às regras aqui", aponta Rosendaal.

O ministério da Saúde foi contatado pela AFP, mas não quis comentar.

- "Seguir as regras" -

As autoridades confiam na estratégia de vacinação em um país onde os não vacinados representam 15% da população e "70% das internações em terapia intensiva", disse Aura Timen, especialista do Instituto Nacional de Saúde.

Mas, embora as vacinas reduzam drasticamente os casos mais graves da doença, não garantem proteção absoluta e para evitar o contágio é necessário vacinar toda a população ou aplicar normas sanitárias, destacaram os especialistas.

Principalmente numa época em que a variante ômicron - provavelmente mais contagiosa - chega ao país.

Mas como os holandeses vão se comportar ainda não se sabe.

Jan, gerente de um centro de testes de covid-19 nos arredores de Amsterdã e que também é empresário, contou à AFP que não pede aos clientes um passe de saúde.

Ele aperta suas mãos, mas depois lava e se testa regularmente.

Não está vacinado e não quer que seus filhos sejam vacinados, mas não é contra esta medida.

"Eu uso meu intelecto", afirma. "Não creio que seguir as regras automaticamente seja a resposta", acrescenta.


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