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Estado de Minas BOGOTÁ

Considerado terrorista pelos EUA, chefe dissidente das Farc defende diálogo de paz na Colômbia


30/11/2021 19:37

O ex-número 2 das Farc, Iván Márquez, que passou a engrossar a lista de terroristas dos Estados Unidos após abandonar o acordo de paz e retomar a luta armada, defendeu, na clandestinidade, novos diálogos que propiciem uma "paz completa" na Colômbia.

Dentro de uma área de mata e rodeado por três combatentes com fuzis e roupas camufladas, Márquez propôs a retomada das conversas de paz em uma entrevista difundida nesta terça-feira (30) pelo telejornal NotiCentro 1 CM&.

"Queremos um governo que arrisque tudo pela paz completa, que retome as conversas com o ELN [a guerrilha Exército de Libertação Nacional], que abra um capítulo de diálogo com todas as insurgências e que fale também com as organizações sucessoras do paramilitarismo", afirmou Márquez.

Simultaneamente, os Estados Unidos decidiram incluir a dissidência armada de Márquez em sua lista de organizações terroristas.

Foragido da Justiça, Márquez não especificou se a sua mensagem estava dirigida ao governo de Iván Duque ou ao que o sucederá após as eleições de 2022, nas quais, por lei, o presidente não poderá concorrer à reeleição.

Márquez comanda atualmente a Segunda Marquetalia, um grupo armado que se assume como uma guerrilha de esquerda e se formou a partir de líderes e integrantes das Farc que renunciaram ao acordo de 2016. Segundo a ONG Indepaz, essa organização conta com cerca de 2 mil membros.

O governo da Colômbia afirma que Márquez tem sua base de operações no lado venezuelano da fronteira e opera com o apoio das forças bolivarianas de Nicolás Maduro.

Segundo na cadeia de comando das Farc na época do conflito, Márquez liderou a equipe que negociou a paz em Cuba. Três anos depois de assinar o acordo, em 2019, anunciou seu retorno à luta armada alegando que o governo não estava cumprindo o que havia sido pactuado.

Sobre a proposta do guerrilheiro, o presidente Duque escreveu no Twitter: "Ao narcoterrorista 'Iván Márquez', protegido pela ditadura de Maduro, afirmo que a 'paz completa', que ele faz referência, chegará quando miseráveis como ele forem capturados ou eliminados, e não lhes oferecendo concessões."

- Grupo terrorista -

A maior parte dos ex-guerrilheiros e colabores das Farc se mantêm no acordo de paz, apesar de centenas deles terem sido assassinados nos últimos cinco anos.

Nesta terça-feira (30), os Estados Unidos anunciaram a exclusão da antiga guerrilha das Farc de sua lista de organizações terroristas estrangeiras, uma categorização feita em 1997.

O secretário de Estado, Antony Blinken, saudou a decisão como um reconhecimento ao "compromisso" de seu país com a paz e com o "cumprimento rigoroso do acordo". Por outro lado, incluiu na lista a Segunda Marquetalia.

Por sua vez, o ministro da Defesa da Colômbia, Diego Molano, rejeitou qualquer aproximação com Márquez e seus homens, e reiterou as instruções dadas às forças de segurança para "neutralizá-lo" ou capturá-lo.

"[Márquez] é uma ameaça para a Colômbia, não pode posar de político falando de paz quando continua cometendo atos terroristas na Colômbia", ressaltou.

Apesar de o acordo de paz ter representado uma diminuição da violência política, algumas áreas do país estão novamente sob domínio de organizações financiadas pelo narcotráfico e que chegaram a substituir os antigos rebeldes como autoridades 'de facto', diante da frágil presença do Estado.

Em algumas regiões, os liderados por Márquez mantêm uma luta por poder com outra facção dissidente comandada por "Iván Mordisco" e "Gentil Duarte". Chamado de FARC-EP e com cerca de 2.700 homens, este grupo também foi incluído pelos EUA na lista de organizações terroristas.

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