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Estado de Minas VIENA

Diálogo sobre programa nuclear iraniano recomeça em Viena em clima 'positivo'


29/11/2021 18:25 - atualizado 29/11/2021 18:27

Após uma pausa de cinco meses, os negociadores internacionais sobre o programa nuclear iraniano voltaram a se reunir nesta segunda-feira (29) em Viena em um clima "positivo", embora analistas antecipem grandes obstáculos para uma retomada rápida do acordo de 2015.

A reunião foi antecedida de uma série de encontros bilaterais e foi realizada no Palácio Coburg, o mesmo onde foi concluído este texto histórico, segundo um tuíte do representante da União Europeia (UE). O encontro começou pouco após as 15h locais (11h de Brasília) e teve duração de duas horas.

Apesar das "circunstâncias difíceis", "o que tenho visto hoje me incita a ser extremamente positivo", declarou o diplomata europeu Enrique Mora, que chefia as negociações, ao deixar a reunião.

Ao longo dos próximos dias, os especialistas vão continuar trabalhando com "um sentimento de urgência para voltar a dar vida" ao acordo de 2015, acrescentou o diplomata, que não quis dar uma data por se tratar de questões "complexas".

As negociações têm duas arestas: por um lado, os compromissos nucleares de Teerã, por outro, a suspensão das sanções americanas.

A República Islâmica do Irã, que destacou sua "determinação firme" de alcançar um acordo, também qualificou o clima da reunião como "profissional e sério".

Em junho, os negociadores tinham concluído a primeira fase de diálogos com um tom positivo, dizendo que estavam "perto" de um acordo, mas a perspectiva mudou com a chegada ao poder do presidente ultraconservador iraniano, Ebrahim Raisi.

O Irã ignorou durante meses os apelos dos países ocidentais de reiniciar as negociações, enquanto fortalecia seu programa nuclear.

Teerã insiste agora na "suspensão de todas as sanções de forma garantida e verificável". Para o governo, é uma "prioridade absoluta".

Na capital iraniana, alguns cidadãos entrevistados pela AFP disseram esperar "resultados" porque "o poder aquisitivo das pessoas comuns diminui dia a dia".

"É importante pôr fim ao sofrimento do povo iraniano", insistiu Enrique Mora.

A Casa Branca, por sua vez, reiterou nesta segunda-feira que "privilegia a diplomacia".

Antes deste encontro em Viena, o enviado americano, Rob Malley, tinha advertido que se os iranianos "arrastarem os pés (...), então, obviamente, não estaríamos dispostos a nos sentar e não fazer nada".

Participam das negociações, além do Irã, diplomatas de Reino Unido, China, Alemanha, Rússia e França. Os Estados Unidos o fazem de forma indireta.

- "Situação precária" -

O acordo de 2015, conhecido como Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês), contemplava suspender algumas sanções econômicas contra o Irã em troca de limites rígidos a seu programa nuclear.

Mas o processo começou a se desmantelar em 2018, quando o então presidente americano, Donald Trump, retirou os Estados Unidos do acordo e retomou as sanções contra o Irã.

No ano seguinte, Teerã respondeu e ultrapassou os limites da atividade nuclear definidos no acordo.

Nos últimos meses, o país começou a enriquecer urânio em níveis sem precedentes e restringiu as atividades dos inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), organismo da ONU responsável por supervisionar as instalações iranianas.

O diretor da AIEA, Rafael Grossi, visitou Teerã na semana passada com a esperança de abordar vários pontos de divergência entre a agência e o Irã.

Após a viagem, ele afirmou que não conseguiu avanços nos temas apresentados.

Para não agravar a situação, diplomatas ocidentais decidiram não pressionar por uma resolução crítica do Irã na semana passada durante a reunião do conselho de ministros da AIEA.

O governo dos Estados Unidos, no entanto, informou que convocaria uma reunião especial do conselho em caso de continuidade da estagnação.

"A relutância do Irã em alcançar um compromisso relativamente claro com a AIEA é negativo para o próximo diálogo", afirmou Henry Rome, especialista em Irã do grupo Eurasia.

"A situação dos avanços nucleares iranianos é cada vez mais precária", destacou Kelsey Davenport, especialista da Associação de Controle de Armas.

- "Boatos" -

Davenport disse a jornalistas na semana passada que "embora o governo Trump tenha fabricado esta crise, as ações do Irã a estão prolongando".

"O Irã se comporta como se os Estados Unidos fossem piscar primeiro, mas... A pressão é uma faca de dois gumes que pode acabar com qualquer perspectiva de restaurar o JCPOA", acrescentou.

Um ponto de grande preocupação para a AIEA é uma unidade de fabricação de componentes para centrifugação em Karaj, perto de Teerã.

A AIEA não tem acesso às instalações desde que suas câmeras foram danificadas por um "ato de sabotagem" em junho.

O Irã acusou Israel de atacar a central.

"Em caso de brechas no monitoramento da AIEA, isto provocará boatos de que o Irã se envolveu em atividades ilegais, que tem um programa secreto, com ou sem evidências", disse Davenport, que alertou que isto poderia "minar as perspectivas de manter o acordo".

Também deve-se levar em conta Israel, cujo chefe da diplomacia, Yair Lapid, viajou nesta segunda à Europa com a intenção de mudar as posições de Londres e Paris.

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