Se isso falhar, suas opções para evitar que Teerã tenha acesso a uma bomba atômica são muito limitadas.
- Recriar o acordo de 2015
O ex-presidente Donald Trump fechou a porta para esse acordo internacional em 2018 e restabeleceu as sanções dos EUA que o acordo havia permitido suspender. Em resposta, a república islâmica descumpriu inúmeras restrições impostas ao seu programa nuclear.
Biden mostrou interesse em retomar o acordo de 2015 se o Irã também reassumir seus compromissos. As negociações indiretas iniciadas no mês de abril em Viena serão retomadas na segunda-feira, após cinco meses de suspensão por Teerã.
"É possível chegar a um acordo rapidamente", disse a diplomacia dos EUA na quarta-feira, claramente privilegiando essa opção.
Mas o emissário dos EUA, Rob Malley, garante que a atitude dos iranianos "não é um bom presságio para as negociações".
Os Estados Unidos os repreendem por terem atrasado o processo e multiplicado suas demandas "radicais", enquanto continuam a fazer progressos nucleares que podem aproximá-los da bomba.
- Um acordo provisório
Se, ao retomar as negociações, os americanos perceberem rapidamente que o Irã só quer ganhar tempo para acelerar seus avanços atômicos, eles não ficarão de braços cruzados, advertiu Malley.
"Devemos pensar em outros meios - diplomáticos e não - para tentar lidar com as ambições nucleares do Irã", disse ele.
Entre as opções diplomáticas, foi mencionada a possibilidade de um "acordo provisório".
"O governo Biden poderia considerar um acordo reduzido e de curto prazo para congelar as atividades de proliferação mais sensíveis do Irã em troca de um levantamento limitado das sanções", disse Kelsey Davenport, da Associação de Controle de Armas à AFP.
O objetivo seria ganhar tempo, porque Teerã agora está muito mais perto da bomba.
Mas essa opção poderia gerar protestos em Washington, entre os republicanos, mas também entre muitos democratas, que a veriam como uma concessão muito generosa aos iranianos.
- Um acordo mais global
"Se o Irã voltar à mesa de negociações com uma longa lista de pedidos sobre o atual acordo nuclear, os Estados Unidos poderá apresentar sua própria lista" sobre o papel do Irã em conflitos regionais e seus mísseis balísticos, estimou Davenport.
Mas seriam negociações longas e complexas, com um desfecho incerto.
E, acima de tudo, nada diz que a República Islâmica não continuará a fazer progresso nuclear enquanto durarem as negociações.
- Mais pressão
Para Suzanne DiMaggio, pesquisadora do Carnegie Endowment for International Peace, os "planos B" à disposição de Biden "não são bons". "Se eu tivesse um plano melhor, seria conhecido", ironizou ele na sexta-feira em conversa com jornalistas.
Uma possibilidade seria endurecer as sanções econômicas, mesmo que o governo democrata afirme que a estratégia de "pressão máxima" da era Trump foi um "fracasso".
Medidas punitivas podem ter como alvo a China, que continua a comprar petróleo iraniano apesar do embargo dos EUA. Mas é improvável que Pequim mude sua posição.
Os setores contrários ao pacto de 2015 - numerosos nos Estados Unidos, principalmente entre os conservadores - pedem a Washington que redobre a pressão econômica, diplomática e até militar, independentemente do desfecho das negociações de Viena.
- A opção militar
Acusado de ser fraco pela sua linha-dura, o governo Biden começou a elevar o tom em outubro, alertando que "todas as opções" estão sobre a mesa para evitar que o Irã se torne uma potência nuclear. Uma forma de abandonar a ameaça militar.
Mas o ex-diplomata Dennis Ross afirmou que essa referência de "rotina" a "outras opções" já é insuficiente porque "Teerã não leva mais Washington a sério [...] Para relançar o acordo nuclear, a ameaça de uma escalada militar deve estar na mesa", afirmou.
Israel, por sua vez, trabalha com essa possibilidade.
Mas para DiMaggio, a força "não resolveria o problema" porque "a experiência mostra que o Irã responde à pressão com mais pressão".
"Novos atos de sabotagem do programa nuclear iraniano trazem o risco de causar erros de apreciação ou uma escalada que pode resultar em um conflito violento", advertiu.
WASHINGTON