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Estado de Minas PARIS

Nova variante detectada na África do Sul gera preocupação entre cientistas


26/11/2021 18:02 - atualizado 26/11/2021 18:14

A comunidade científica espera com preocupação os resultados das primeiras análises da nova variante da covid-19 que foi detectada pela primeira vez na África do Sul, chamada de "omicron", especialmente o seu grau de resistência às vacinas.

- Por que ela é preocupante?

"Esta é preocupante, e é a primeira vez que afirmo isso desde a delta", escreveu no Twitter o virologista britânico Ravi Gupta sobre a nova variante denominada B.1.1.529.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) a classificou nesta sexta-feira como "preocupante".

Do ponto de vista genético, ela tem um número de mutações elevado, cerca de trinta delas na proteína spike, a chave de entrada do vírus no organismo.

Com base na experiência de variantes anteriores, sabe-se que algumas dessas mutações podem representar um aumento na capacidade de transmissão e uma diminuição na eficiência das vacinas.

"Pensando em termos de genética, é certo que há algo muito particular que pode ser preocupante", disse à AFP Vincent Enouf, do Centro Nacional de Referência de vírus respiratórios do Instituto Pasteur de Paris.

Além disso, preocupa o fato de que o número de casos e o percentual atribuído a esta variante estão aumentando de forma muito rápida na província sul-africana de Gauteng, que compreende as cidades de Pretória e Johanesburgo, onde foi detectada pela primeira vez.

Serão necessárias "várias semanas" para compreender melhor a nova variante e saber se ela é mais transmissível, mais perigosa e mais resistente às vacinas, destacou a OMS nesta sexta-feira (26).

"É preciso ser razoável, continuar monitorando e não alarmar completamente a população", ressaltou o especialista do Instituto Pasteur.

- Ela vai superar a variante delta?

Esta é a pregunta de 'um milhão de dólares' que ninguém é capaz de responder neste momento.

A variante delta é praticamente hegemônica em todo o mundo graças às suas características, que lhe permitiram substituir a alfa.

A delta é a mais robusta e a de transmissão mais rápida. As variantes mu e lambda, que surgiram nos últimos meses, não foram capazes de superá-la.

Os cientistas chegaram a pensar que a próxima variante preocupante seria o resultado de uma evolução da delta. Contudo, a B.1.1.529 é de uma cepa completamente distinta.

A situação na província de Gauteng gera o temor de que essa nova variante possa se sobrepor à delta, mas ainda não há certeza sobre isso.

"Pode ser que um grande acontecimento de supercontágio [um único acontecimento que provoca um grande número de casos] relacionado com a B.1.1.529 dê a impressão falsa de que ela pode superar a delta", opina a especialista britânica Sharon Peacock, citada pela organização Science Media Centre.

Por outro lado, a nova variante parece se expandir por toda a África do Sul, o que seria mais um sinal de sua capacidade de rivalizar com a delta.

- É possível impedir sua expansão?

Menos de 24 horas depois da apresentação da variante por parte das autoridades sul-africanas, muitos países europeus suspenderam os voos provenientes da África austral.

Contudo, a Bélgica já anunciou o primeiro caso na Europa. Trata-se de um indivíduo não vacinado que viajou ao exterior.

Suspender os voos "é uma medida que permite desacelerar" a expansão de uma variante muito contagiosa, "mas não consegue interrompê-la completamente", disse Enouf, que lembrou os precedentes de alfa e delta.

Alguns cientistas pedem o fechamento das fronteiras com esses países o mais rápido possível, como medida de precaução, para reabri-las logo que se dissiparem os temores.

Outros especialistas consideram o fechamento prejudicial à África do Sul e ao Botsuana, outra nação que registrou a nova variante. Temem que isso seja contraproducente e leve outros países a tentar mascarar o surgimento de novas variantes no futuro.

A OMS também desaconselhou a restrição viagens neste momento.

- Qual é o seu impacto sobre as vacinas?

Ainda não é possível afirmar que a nova variante reduzirá a eficiência das vacinas.

"É preciso verificar se os anticorpos produzidos pelas vacinas atuais continuam funcionando, até que nível e se impede os casos graves", explicou Vincent Enouf.

Para isso, estão sendo realizados testes em laboratório e com base nos dados reais nos países onde circula a variante.

O laboratório alemão BioNTech, que desenvolveu um dos imunizantes atuais em pareceria com a Pfizer, espera os primeiros resultados, "o mais tardar dentro de duas semanas", relacionados à variante, disse um porta-voz à AFP.

"É urgente adaptar as vacinas de RNA mensageiro e as doses de reforço às variantes em circulação", assinalou no Twitter o virologista francês Etienne Decroly.

Apesar de tudo, a vacinação continua sendo essencial. Nesse sentido, é preciso que os países mais pobres tenham acesso aos imunizantes, insistem os cientistas.

"Quanto mais o vírus circular, mais ele vai evoluir e veremos mais mutações", advertiu Maria Van Kerkhove, uma das responsáveis da OMS.


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