O veterano de 65 anos parece estar apostando novamente na parceria com os militares e conduzir o Sudão a eleições livres.
Hamdok chefiava um governo civil ao mesmo tempo que o general Abdel Fattah al Burhan presidia o Conselho de Soberania, a autoridade máxima da transição.
O Conselho, formado por civis e militares, foi criado após a queda do ditador Omar al Bashir em 2019 para supervisionar a transição para a democracia. Mas em 25 de outubro, o general Burhan quebrou o pacto militar-civil e deteve Hamdok, junto com outros líderes civis.
O economista, que estudou no Reino Unido e trabalhou para a ONU e organizações africanas, estava em prisão domiciliar até este domingo, informou seu gabinete à AFP. Ele é casado e tem dois filhos.
Durante sua detenção, Hamdok recebeu militares sudaneses e ex-rebeldes, bem como embaixadores ocidentais e diplomatas internacionais para trabalho de mediação. Seu escritório não parou de postar mensagens convocando uma manifestação para "proteger a revolução" de 2019.
- Defensor da transparência -
Hamdok tem uma imagem de defensor da transparência e da boa governança, especialmente porque rejeitou o cargo de ministro das finanças do ditador Al Bashir em 2018.
Após uma tentativa de golpe em setembro, o economista, que retornou a Cartum, a capital, em agosto de 2019, havia alertado que a transição passava por sua "pior" crise.
Seu governo teve que estabelecer instituições democráticas no Sudão, incluindo um parlamento ainda inexistente, e organizar eleições para 2023. Tarefa difícil após 30 anos de ditadura.
Natural do estado de Kordofan do Sul, Hamdok foi elogiado por chegar a um acordo de paz nesta área em outubro de 2020 entre uma coalizão de grupos rebeldes e forças governamentais.
Além disso, sob seu mandato, o Sudão foi retirado da lista dos Estados Unidos de países que apóiam o "terrorismo", após reconhecer o Estado de Israel.
No plano econômico, Hamdok conseguiu que o Fundo Monetário Internacional apagasse uma parte significativa da dívida do país.
Mas as políticas de austeridade solicitadas pela organização afetaram sua popularidade.
O Sudão, com 45 milhões de habitantes, é um dos países mais pobres do mundo. O economista havia prometido combater a inflação e a pobreza.
CARTUM