Quase 34,3 milhões de argentinos estão registrados para votar e os resultados oficiais devem ser divulgados a partir das 21H00, três horas após o fechamento das seções eleitorais.
Mais uma vez, a chave está no resultado da populosa periferia de Buenos Aires, que tem quase 40% dos eleitores e é um reduto peronista histórico. A capital e outras grandes cidades estão nas mãos da oposição.
A votação renovará 127 das 257 cadeiras da Câmara dos Deputados, na qual a governante Frente de Todos tem a primeira minoria.
A disputa mais arriscada para o governo está no Senado, presidido pela influente vice-presidente Cristina Kirchner, onde serão renovadas 24 das 72 cadeiras.
Depois de vencer a eleição presidencial de 2019 no primeiro turno, Fernández teve um Senado favorável, com maioria de 41 senadores, contra 25 da coalizão de centro-direita Juntos do ex-presidente Mauricio Macri (2015-19), a principal da oposição.
Esta maioria está em jogo com a disputa das vagas de senadores em oito províncias.
Consideradas uma espécie de grande pesquisa em todo o país, as primárias de setembro resultaram em um duro golpe para a governista Frente de Todos (FDT), que recebeu 33% dos votos a nível nacional, contra 37% da coalizão Juntos.
Após a votação e as críticas públicas de Kirchner, Alberto Fernández mudou parte do gabinete e anunciou novas medidas. Mas as pesquisas não apontam grades mudanças nas intenções de voto em relação às primárias.
Desta maneira, Fernández se concentra mais no dia depois da eleição e em assegurar a governabilidade para os próximos dois anos de mandato, enquanto todos os candidatos já pensam na disputa à presidência de 2023.
Com o cenário em mente, sindicatos e organizações sociais convocaram uma marcha de apoio ao governo para quarta-feira 17 de novembro.
Nas últimas semanas, o governo anunciou medidas econômicas e um controle de preços, em uma tentativa de combater a inflação galopante, que acumula 41,8% entre janeiro e outubro, uma das mais elevadas do mundo.
Fernández também endureceu o discurso a respeito do Fundo Monetário Internacional (FMI), com o qual a Argentina tenta obter um acordo para substituir o crédito stand-by de 2018 de 44 bilhões de dólares.
Se não conseguir o novo acordo, a Argentina terá que pagar US$ 19 bilhões ao FMI em 2022 e o mesmo valor em 2023.
- Mais à direita e mais à esquerda -
As eleições acontecem no momento em que o país está emergindo da última recessão que começou em 2018 e se aprofundou com uma queda de 9,9% do PIB em 2019.
A queda do número de contágios de covid-19 nas últimas semanas e o avanço do programa de vacinação - com mais de 60% da população com esquema vacinal completo e outros 20% com a primeira dose - possibilitam a retoma das atividades e uma recuperação.
Mas o crescimento de quase 9% do PIB previsto para este ano apenas leva a situação de volta ao início do governo Fernández, quando a Argentina já acumulava dois anos de recessão.
A irritação social permitiu o avanço de Javier Milei, candidato de uma nova extrema-direita, que atrai eleitores na capital argentina com um discurso ultraliberal que critica o Estado e o que chama de "casta" política.
"As ideias de Milei são as que eu sempre expressei", disse Macri em uma tentativa de recuperar o eleitorado de direita.
Ao mesmo tempo, o kirchnerismo tenta evitar a fuga de votos pela esquerda, depois que uma frente trostkista conseguiu nas primárias os melhores resultados de sua história com mais de 5% dos votos.
audima