A medida foi anunciada no momento em que milhares de migrantes, principalmente do Oriente Médio, estão bloqueados na fronteira entre Belarus e Polônia, em condições humanitárias deploráveis.
A UE acusa Belarus de organizar os deslocamentos de migrantes, entregando vistos e até fretando voos, para tentar criar uma crise migratória na Europa, em resposta às sanções internacionais contra o governo de Alexander Lukashenko.
A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, que está em uma visita a Paris, denunciou "ações muito preocupantes" em Belarus.
Mas Lukashenko, que tem o apoio da Rússia, rejeita as acusações.
As autoridades europeias tentam há vários dias conter o fluxo de chegadas de Belarus e mantêm contatos com governos de países do Oriente Médio para tentar convencê-los a impedir o embarque destas pessoas em voos com destino a Minsk.
A Turquia é o primeiro país a tomar uma medida do tipo. Com dois aeroportos internacionais, Istambul, a principal cidade turca, é um importante centro de tráfego aéreo entre Oriente Médio e Europa.
"Estamos vendo progressos em todas as frentes", afirmou o vice-presidente da Comissão Europeia, Margaritis Schinas.
Esta restrição demonstra que as iniciativas europeias "já estão registrando certo êxito", afirmou o governo da Alemanha.
O Iraque anunciou que repatriará migrantes de seu país em Belarus, "caso eles desejem".
- Paraquedistas russos -
Lukashenko pode contar, no entanto, com o apoio de seu principal aliado, o presidente russo, Vladimir Putin.
Tropas aéreas russas e bielorrussas organizaram nesta sexta-feira (12) "exercícios de combate" perto da fronteira entre Belarus e Polônia, anunciaram os governos de Minsk e Moscou.
As manobras, assim como a mobilização de militares na fronteira por parte de Minsk e Varsóvia, provocam o temor de uma escalada no leste da Europa, cenário de uma luta influências entre a Rússia e Ocidente.
A crise foi tema de uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU na quinta-feira (11).
Ao final do encontro, vários países, incluindo Estados Unidos, França e Reino Unido, acusaram Belarus de tentar "desestabilizar os países vizinhos" e "desviar a atenção de suas próprias e crescentes violações dos direitos humanos".
No ano passado, UE e Estados Unidos adotaram uma série de sanções contra Belarus, após a brutal repressão de um movimento de protesto organizado depois da polêmica reeleição de Lukashenko, que está no poder desde 1994.
A UE anunciou que divulgará novas medidas contra Lukashenko na próxima semana.
Belarus ameaçou responder às possíveis sanções com a suspensão do funcionamento do gasoduto Yamal-Europa. Esta infraestrutura atravessa o país e fornece gás russo, combustível vital para os europeus em plena crise energética.
O Kremlin garantiu, porém, que as entregas de gás russo para a Europa não serão suspensas, apesar das ameaças de Lukashenko.
- Migrantes bloqueados -
Na fronteira entre Belarus e Polônia, os migrantes estavam bloqueados entre as autoridades bielorrussas, que, segundo Varsóvia, obrigam-nos a avançar, em alguns momentos com tiros para o alto, e os guardas poloneses, que impedem seu avanço.
Há quase 2.000 pessoas, incluindo mulheres e crianças, em sua maioria curdas, em um acampamento improvisado, em meio a um frio intenso, no lado bielorrusso da fronteira. Todos esperam a possibilidade de entrar na Polônia e, portanto, na UE.
Nesta sexta-feira, o diretor para a Europa da Organização Mundial da Saúde (OMS), Hans Kluge, afirmou que está "muito preocupado" com as milhares de pessoas vulneráveis bloqueadas "na terra de ninguém (...) à mercê do clima, à medida que se aproxima o inverno".
De acordo com o jornal polonês Gazeta Wyborcza, dez migrantes morreram na região desde o início da atual crise.
O porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) anunciou na quinta-feira a entrega de ajuda humanitária de emergência, incluindo cobertores, roupas de inverno e fraldas para as crianças.
O primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, acusou o regime de Lukashenko de adotar um "terrorismo de Estado" e afirmou que seu país é palco de um "novo tipo de guerra", que usa os civis como "munição".
Para enfrentar o fluxo de pessoas na fronteira, a Polônia, país-membro da UE e do espaço de livre-circulação Schengen, enviou 15.000 militares para a área, ergueu uma cerca de arame farpado e aprovou a construção de um muro.
MOSCOU