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Estado de Minas MADRI

BID: América Latina deve evitar trocar Odebrecht por empresas chinesas


11/11/2021 15:39

O presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o americano Mauricio Claver-Carone, alertou nesta quinta-feira (11) contra a penetração de empreendimentos chineses na América Latina, estimando que a região não deveria passar da "era da Odebrecht para a era das empresas chinesas".

O problema seria "que a região trocasse a era da Odebrecht pela era das empresas chinesas", disse Claver-Carone à AFP em uma entrevista em Madri, em referência à construtora brasileira que deixou um rastro de propinas e que provocou um terremoto político na região.

"As empresas chinesas deturpam os mercados. Por quê? Porque são empresas subsidiadas pelo Estado e, francamente, são empresas sem padrões de integridade", acrescentou o presidente do BID.

"A preocupação é como" estas empresas "afetam um ecossistema que já tem muitos problemas, burocráticos, de corrupção, de transparência, etc. É como uma tempestade perfeita", opinou.

Nos últimos 20 anos, a China ganhou terreno frente aos Estados Unidos nas Américas, transformando-se no principal parceiro comercial de quase todos os países sul-americanos, concedendo créditos com juros baixos e investindo em projetos de infraestruturas, como transmissão e produção de energia, portos e estradas.

A China representa 12% das exportações e 18% das importações de toda a região da América Latina e do Caribe, segundo um relatório do think tank BSI Economics, sediado em Paris. Entre 2004 e 2019, as exportações e importações da região frente à China se multiplicaram por dez e por oito, respectivamente, segundo a mesma fonte.

- 'Um campo de disputa igual para todos' -

Apesar de o BID ser sediado em Washington, Claver-Carone se tornou, há um ano, o primeiro americano no comando da instituição, um dos maiores bancos regionais de desenvolvimento em nível mundial, após ter seu nome proposto pelo governo de Donald Trump.

Claver-Carone, nascido em Miami e com raízes cubanas, não afirma ser contrário à presença de empresas chinesas na América Latina, mas pede que isso seja feito "sob um marco transparente e em um campo de disputa igual para todos".

Como principal sócio financeiro da região, o BID "busca investimentos que possam gerar crescimento sustentável, inclusivo e de longo prazo. E as melhores empresas para fazê-lo são as americanas, europeias, japonesas, coreanas, etc."

Claver-Carone assinala que, no passado, algumas das empresas desses países podem até ter ignorado esses critérios na América Latina, "mas, hoje em dia, estamos em um momento no qual o mundo empresarial evoluiu muito, tem outros padrões".

O presidente do BID também atribui parte da culpa no problema de abastecimento que afeta atualmente o comércio mundial ao fato de que grande parte da produção está radicada na China, e acredita que é preciso fazer uma descentralização, que poderia beneficiar a América Latina.

Nesse sentido, segundo Claver-Carone, se os países da América Latina e do Caribe fossem responsáveis por 10% das exportações chinesas para os Estados Unidos daqueles mesmos produtos que eles também exportam para a nação norte-americana, a região receberia "72 bilhões de dólares" adicionais, "uma quantia transformadora".

Além disso, o presidente do BID reivindicou que sua instituição seja dotada de maior capacidade de financiamento. Assim que assumiu o cargo há um ano, Claver-Carone estabeleceu como meta que essa capacidade passasse de 11 para 23 bilhões de dólares anuais.

"Não vamos conseguir cumprir as missões de amanhã com os recursos de ontem. Por isso é preciso fortalecer" o BID, explicou.


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