O aumento de preços de 6,2% em 12 meses registrado em outubro superou os 5,4% em setembro e é a alta mais forte desde o final de novembro de 1990, indicou o Departamento do Trabalho ao anunciar os dados. Em outubro, o aumento de preços foi de 0,9% contra 0,4% em setembro, ultrapassando os 0,6% esperados pelos analistas.
"Os relatórios econômicos de hoje mostram que o desemprego continua caindo, mas os preços ao consumidor permanecem muito altos", disse Biden em Baltimore, em discurso transmitido pela TV. "Tudo, desde o galão de gasolina até o pão, está custando mais. Embora os salários estejam aumentando, temos desafios e precisamos enfrentá-los."
Os preços cresceram ao longo deste ano, à medida que as vacinas contra a covid-19 permitiram que a economia dos EUA se recuperasse da recessão do ano passado, dando aos opositores de Biden um argumento contra os projetos de lei de gastos vitais para o seu governo.
O fechamento de fábricas por conta da pandemia, o congestionamento dos portos devido às dificuldades dos caminhoneiros e a alta demanda por produtos importados aumentaram consideravelmente os custos de venda de alimentos, móveis, automóveis e combustível, entre uma miríade de produtos.
Esses custos foram em parte repassados aos consumidores, semeando preocupação e descontentamento, o que por sua vez fez cair a confiança em Biden para 43%, de acordo com o site de pesquisas FiveThirtyEight.
Tanto o governo Biden quanto o Federal Reserve (Fed, banco central) insistem há meses em que a alta dos preços é temporária. Essa opinião é compartilhada por muitos economistas, e alguns apontam que a pressão sobre os preços pode se estender até o final de 2022.
"A ameaça de uma inflação recorde para o povo americano não é 'transitória' e, pelo contrário, está piorando", declarou o senador democrata Joe Manchin. "Do supermercado ao posto de gasolina, os americanos sabem que a inflação é real e (Washington) DC não podem mais ignorar a dor econômica que os americanos sentem todos os dias", acrescentou.
Membros republicanos do Comitê de Comércio e Energia da Câmara dos Representantes disseram que os Estados Unidos enfrentam uma "Bidenflação". "Gastar bilhões a mais em impostos e gastos só vai piorar a crise que os americanos enfrentam", tuitaram.
A elevação de preços de outubro foi generalizada em todos os setores, e é particularmente acentuada para os de energia, habitação, alimentação e automotivo, segundo o Departamento do Trabalho.
Biden viajou hoje a Baltimore para promover os benefícios da lei de infraestrutura, no momento em que tem baixos índices de aprovação, levantando temores de que o Partido Democrata perca sua frágil maioria no Congresso nas eleições de meio de mandato do próximo ano.
WASHINGTON