Jornal Estado de Minas

FAMÍLIA REVOLTADA

Corpo é dissecado em 'show' e ingressos são vendidos a mais de R$ 2,5 mil

Um soldado norte-americado, veterano da Segunda Guerra Mundial, compartilhou com familiares o desejo de que seu corpo fosse doado à ciência. E assim foi feito: o corpo de David Saunders, falecido aos 98 anos em Baker, Louisiana (EUA), foi doado à uma instituição de estudo e pesquisa. A nobre ação, no entanto, se transformou em indignação. 





O cadáver, que deveria ser usado como estudo, foi vendido para uma empresa que realizou uma “autópsia-show”. Os ingressos para o “evento” foram, inclusive, vendidos pela internet. 

O público teve a opção de participar virtualmente da dissecação, com tíquetes vendidos a US$ 100; ou presencialmente, no valor de U$ 500 - o equivalente a R$ 2.750 mil na cotação desta quarta-feira (10/11). Cerca de 70 pessoas acompanharam o evento. 

O corpo foi dissecado no dia 17 de outubro, supostamente sem a autorização da família. “Tenho toda a papelada que diz que seu corpo seria usado para a ciência. Não há nada sobre a comercialização de sua morte”, afirmou a viúva à imprensa. “Foi horrível e antiético”.





A emissora norte-americana NBC 29 escutou a empresa, Death Science, que afirmou não ter informação sobre o homem ou o corpo dissecado publicamente. 

O cadáver foi inicialmente doado à Med Ed Labs, de Las Vegas (EUA). Em resposta ao jornal, a Death Science pontuou que seu contrato com a instituição certifica que “o cadáver fornecido foi doado para fins de pesquisa, medicina e educação”.

Ao público, o consultor da empresa, Jeremy Ciliberto, reforçou o caráter científico da “autópsia-show”. “Meu objetivo era criar uma experiência educacional para pessoas que têm interesse em aprender mais sobre a anatomia humana”, reiterou. 

A Death Science pagou mais de US$ 10 mil pelo cadáver. Quanto à Med Ed Labs, que afirmou não saber que ingressos seriam vendidos, forneceu o cadáver, o anatomista, as ferramentas e os equipamentos para o procedimento.  
 
* Estagiária sob supervisão do subeditor Thiago Ricci 


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