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Estado de Minas SANTIAGO

Chile busca novo presidente em momento de crise intensa


10/11/2021 10:42

O próximo presidente do Chile encontrará um país dividido após os protestos sociais de 2019, exaurido pela pandemia e a consequente crise econômica, com a dívida pública em alta e uma nova Constituição pendente enquanto recalcula sua rota.

Dez dias antes do primeiro turno das eleições presidenciais, o Chile encara este momento como uma espécie de segunda transição com a ideia de passar de uma democracia presidencial que serviu há 31 anos para acabar com a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) para um estado de bem-estar com uma nova Carta Magna elaborada pela Convenção Constituinte.

Num clima de incerteza e esperança, a participação dos cerca de 50% de indecisos entre os 15 milhões de eleitores será fundamental.

As classes mais carentes dependem dos subsídios do Estado para enfrentar a crise econômica provocada pelo coronavírus. O país teve que aumentar sua dívida externa e o futuro aponta para um processo de austeridade independente da sigla política que o governe.

"Qualquer um terá um mandato difícil", opina Claudia Heiss, acadêmica de Ciência Política da Universidade do Chile, à AFP.

A analista alerta para um cenário de "conflito social" quando os auxílios acabarem, já que foram um remendo circunstancial para sustentar a economia, o consumo e o desemprego gerados na pandemia.

"Um governo de direita geraria mais incentivos para a mobilização social pela esquerda", alerta Heiss, acrescentando que "um governo de esquerda tem mais probabilidade de estar em sintonia com os movimentos sociais".

- Oferta eleitoral -

As opções em 21 de novembro são sete candidatos que abrangem o espectro político que vai da extrema-esquerda à extrema-direita.

As pesquisas, que foram divulgadas antes de sua proibição por lei no último domingo, apontam preferências em polos opostos, mas desde 2019 falharam em prever as tendências eleitorais antes do plebiscito constitucional e da eleição dos membros da Convenção Constituinte.

O deputado esquerdista Gabriel Boric, de 35 anos, da coalizão Aprovo Dignidade - Frente Ampla e Partido Comunista - e o direitista José Antonio Kast pelo Partido Republicano dominam as preferências com diferenças de menos de três pontos.

As últimas pesquisas apontaram o primeiro lugar a Boric, com Kast a um ponto de distância e a senadora democrata-cristã (centro) Yasna Provoste na terceira colocação, empatada com o liberal independente Sebastián Síchel, mas ambos longe do segundo turno.

Os protestos sociais de outubro de 2019, que deixaram 34 mortos, trouxeram à tona uma animosidade social contra a atual classe política estabelecida desde o retorno da democracia em 1990.

Os candidatos favoritos à presidência também representam estes dois Chiles, diz Heiss.

Boric "não tem a experiência política que outros dirigentes têm, mas isso é a sua força", acredita a acadêmica. Pois "não gera a antipatia que geram os políticos experientes".

"(Kast) representa o mais recalcitrante da direita chilena que infelizmente continua a ser um núcleo duro de pinochetismo, autoritarismo, xenofobia", destaca Heiss.

O candidato Kast está alinhado com a tendência "de populismos da direita internacional", como o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, ou o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, afirma a analista.

Seja qual for o sucessor do conservador Sebastián Piñera, o que parece claro é que ele tomará as rédeas de um país atolado na "incerteza", ressalta à AFP o analista e diretor da TuInfluyes.com, Axel Callis.

"Agora a esperança e a mudança social estão diminuindo em termos de janela de oportunidade, tempo, apoio e incerteza, e o medo está tomando conta", explica.

O atual governo Piñera, que enfrentará um processo de impeachment após a venda de uma mineradora em 2010 revelada pelos 'Pandora Papers', deixará várias frentes em aberto: aumento da migração irregular no norte - principalmente venezuelanos -, a nova Constituição, o desemprego elevado, embora em recuperação, e inflação em alta em relação à última década de estabilidade financeira.


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