As audiências de seis meses, criadas por uma coalizão de organizações de defesa da liberdade de imprensa, se concentrarão nos casos não resolvidos de três jornalistas assassinados no México, Sri Lanka e Síria.
Embora não tenha poderes jurídicos para condenar os responsáveis, o tribunal pretende sensibilizar, pressionar os governos e reunir provas por meio do que chama de "justiça de base".
Hatice Cengiz, que iria se casar com o jornalista dissidente saudita Jamal Khashoggi antes que fosse assassinado em 2018 dentro do consulado da Arábia Saudita em Istambul, disse que testemunhou no tribunal para que o mundo não se esqueça de seu noivo assassinado.
"No passado, os jornalistas eram atacados, mas agora são o governo e os dirigentes dos governos que os atacam. Então é um ponto muito, muito importante", disse Cengiz.
A filipina Maria Ressa, prêmio Nobel da Paz, e o filho da jornalista maltesa assassinada Daphne Caruana Galizia são alguns dos que testemunharão no tribunal em uma antiga igreja do século XVII em Haia.
O tribunal foi organizado pela Free Press Unlimited (FPU), pelo Comitê para a Proteção de Jornalistas (CPJ) e Repórteres sem Fronteiras e começa precisamente no Dia Internacional para Acabar com a Impunidade dos Crimes contra Jornalistas.
Examinará o assassinato em 2009 do diretor de jornal Lasantha Wickrematunge, durante o conflito separatista tamil no Sri Lanka, o assassinato em 2011 do jornalista mexicano Miguel Ángel López Velasco junto à sua esposa e filho, e o de Nabil Al-Sharbaji, que morreu em um centro de detenção sírio em 2015.
Mais de 1.400 jornalistas foram assassinados no mundo desde 1992 e oito em cada dez casos os assassinos ficaram livres, segundo o CPJ.
O tribunal pretende demonstrar que é possível encontrar novas provas nos assassinatos de jornalistas, inclusive quando os Estados não podem ou não querem, disse o diretor da FPU, Leon Willems.
audima