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Estado de Minas ATENAS

Merkel reconhece que Grécia pagou preço alto na crise da dívida


29/10/2021 10:56 - atualizado 29/10/2021 11:02

A chanceler alemã, Angela Merkel, concluiu nesta sexta-feira (29) sua última visita oficial a Atenas, na qual reconheceu que a Grécia pagou um preço alto durante a crise da dívida.

No fim de seus 16 anos de poder, Merkel reiterou que está "ciente das limitações e dos desafios enfrentados pelos gregos" durante a cura da austeridade destinada a consolidar a estabilidade do euro.

Ao mesmo tempo, a chanceler alegou que o ajuste teria sido menos brutal, se a Grécia e vários outros Estados da UE tivessem empreendido reformas importantes em períodos prósperos.

Considerada "uma das mulheres mais odiadas da Grécia", segundo o tabloide alemão Bild, Merkel reconheceu em setembro que "o momento mais difícil do meu mandato foi quando pedi tanto à Grécia".

A crise grega foi um "período de histeria", segundo a revista alemã Der Spiegel, indicando que a "Grécia foi salva, mas a ideia europeia, não".

"Acredito que todos estamos muito comovidos com a fragilidade do euro diante da especulação externa", confessou Merkel nesta sexta-feira (29), depois de uma reunião com o primeiro-ministro grego, o conservador Kyriakos Mitsotakis.

As relações greco-alemãs "vivenciaram altos e baixos, mas foram construídas sobre bases sólidas", disse Merkel.

No auge da crise, em 2012, Merkel foi recebida em Atenas por manifestantes com cartazes com a suástica nazista, ou com charges suas como se fosse Hitler.

A partir de 2010, a chanceler exigiu do então primeiro-ministro, o socialista Yorgos Papandréu, medidas de austeridade para cortar o déficit público. Desde então, Merkel é vista entre os gregos como a "dama de ferro" da Europa.

Com seu então ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble, Merkel exigiu cortes dolorosos no orçamento e aumentos acentuados de impostos em troca de três resgates no valor de mais de 300 bilhões de euros (US$ 370 bilhões).

As pensões foram cortadas, e o salário mínimo mensal caiu para cerca de 500 euros (US$ 585). Junto a isso, houve uma onda de privatizações, especialmente na saúde, cujos hospitais funcionavam com poucos funcionários, sem medicamentos e material médico-hospitalar.

- "Um país diferente" -

"A Grécia é um país diferente do conhecido na década passada. Não é mais uma fonte de crises e de déficits", disse Mitsotakis à líder alemã.

"Merkel foi a voz da razão e da estabilidade em Berlim e Bruxelas. Às vezes injusta, mas decisiva, em momentos cruciais", como em 2015, quando rejeitou a saída da Grécia da União Europeia, afirmou o primeiro-ministro.

Em um encontro separado, a presidente grega, Katerina Sakellaropoulou, elogiou a ajuda da Alemanha durante a crise migratória de 2015, quando quase um milhão de refugiados desembarcaram nas ilhas gregas, destacando que esse momento "contribuiu para o entendimento mútuo".

Ao lado da presidente Katerina, a chefe de Estado alemã destacou que a "Grécia teve que pagar um preço alto" durante a crise da dívida.

A eleição do líder da esquerda radical Alexis Tsipras em janeiro de 2015 levou a um verdadeiro confronto entre Berlim e Atenas.

O primeiro-ministro grego quis romper os acordos e convidou Merkel a voltar para casa.

A Grécia foi ameaçada de exclusão da zona do euro, embora finalmente tenha cedido à pressão de seus credores e aceitado novas medidas de austeridade.

Em um artigo do semanário alemão Die Zeit no mês passado, Alexis Tsipras disse que a honestidade "fortaleceu o clima de confiança" entre a chanceler e ele, apesar de suas diferenças políticas.

Essa memória ainda prejudica a imagem de Merkel. Uma pesquisa do Pew Research em 16 países indicou que apenas 30% dos gregos estimam a chanceler, contra uma média de 77% nas outras nações pesquisadas.


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